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"Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim." – Jo 15.18

10 de maio de 2012

RECOSTURANDO O VÉU DO TEMPLO



Um parente meu aderiu a esta recostura, e eu confesso que estou admirado com estes “evangelhos velhos” impostos à igreja gentia, que querem nos reconduzir à lei. Contra este “evangelho”, o “rabino” (???) Paulo se levantou muitas vezes no decorrer de sua vida e ministério. Foi inclusive muito perseguido pelos judaizantes da época, como escreveu o autor dos Atos dos Apóstolos: “E, no dia seguinte [após chegar a Jerusalém], Paulo entrou conosco em casa de Tiago, e todos os anciãos vieram ali; E, havendo-os saudado, contou-lhes por miúdo o que, por seu ministério, Deus fizera entre os gentios. E, ouvindo-o eles, glorificaram ao Senhor, e disseram-lhe: Bem vês, irmão, quantos milhares de judeus há que crêem, e todos são zeladores da lei. E já acerca de ti foram informados de que ensinas todos os judeus, que estão entre os gentios, a apartarem-se de Moisés, dizendo que não devem circuncidar seus filhos, nem andar segundo o costume da lei. Que faremos pois?...” (At 21:18-22 – grifos e acréscimos meus). Entretanto, os judaizantes modernos preferem esquecer isso...

Admiram-me muitas coisas nestes evangelhos judaizantes que se espalham mundo afora. Ressuscitaram o uso de quipás, shofares, menorás e outros elementos judaicos, que os escritos neotestamentários jamais prescrevem seu uso para nós, e nem mesmo relatam que a Igreja Primitiva os usava. Até a Arca da Aliança, objeto “intocável” e “invisível”, símbolo máximo da presença divina, já pode ser visto e tocado por quem quiser, em réplicas de todos os tamanhos, num vergonhoso desrespeito à fé judaica e a seus símbolos sagrados.

Há uma série de novidades que não encontro base bíblica ou mesmo coerência para que sejam adotadas. Algumas até bizarras. Um exemplo é o uso da expressão “D’us” para se referir a Deus. Não entendo o porquê disto. Segundo eles, evita-se tomar o Nome “Deus” em vão, substituindo-o estrategicamente. Este apóstrofo dá ao verbete alguma característica de permissão de repeti-lo quantas vezes eu quiser? Qual a diferença se eu usá-lo indiscriminadamente, ou usar o nome completo? Não estaríamos igualmente violando o mandamento de não tomar o Santo Nome em vão? Porventura Jesus não nos ensinou que a letra é insuficiente, e que Deus olha a intenção do coração? A Escritura ensina que eu, ao chamar meu irmão de “Raca” sou réu de sinédrio, e se eu chama-lo de “Louco” sou réu do inferno (Mt 5:22). Tudo bem... Posso chamá-lo de “R’ca”, ou de “Loko”, e tudo fica bem! É isso?

Nos meus tempos de impiedade eu tinha um colega de trabalho que era muito chacotado por ser crente. Todos no setor de trabalho o provocávamos constantemente, e uma das nossas metas diárias era fazê-lo dizer uma palavra torpe, um “palavrão”. Em momentos de maior perturbação, ele nos xingava de palavras “modificadas”, como por exemplo “seus poxas”, numa clara intenção de chamar-nos por outra palavra, de baixo calão, mas substituindo-a estrategicamente por uma mais leve, digamos assim, mais gospel... Entre os próprios crentes vê-se o uso constante de palavras de baixo calão devidamente modificadas, tipo “caraca” e outras. Mulheres revoltadas com o comportamento de seus esposos chamam-lhes de “abençoados”, numa intenção clara de chamá-los pelo antônimo! Ora, e qual a diferença entre uma e outra palavra, se a intenção de usá-la foi uma só: xingar com palavras torpes?

Até o nome de Jesus é descartado por estes judaizantes, sendo substituído por “Yeshua”. Segundo eles, é o verdadeiro nome do Senhor, e usar sua versão aportuguesada é quase blasfêmia...  Esquecem eles que em todo o Novo Testamento o nome do Senhor é usado na sua versão grega. Os apóstolos mais ligados ao judaísmo (Pedro e João) e o próprio Tiago, irmão do Senhor, O tratam em suas epístolas pelo seu nome grego. Na cidade de Filipos, o apóstolo Paulo chega a usar este nome grego, “Iesous”, para expulsar um demônio — e funcionou! Em lugar nenhum do NT ele é chamado de “Yeshua”, mas de “Iesous”; para comprovar isto, dê uma olhada nas versões de grego koinê... Mas você pode chamá-lo da forma que quiser, desde que não afirme que a forma que você usa é melhor que a forma usada pelos demais. Simples, não?

Mas o que mais me chama a atenção é a tentativa de reconduzir a Igreja à lei mosaica, ou à Antiga Aliança. O próprio fato de esta Aliança ser chamada de “Antiga” já deixa patente que uma Nova Aliança é superior a ela... As cartas paulinas e a carta aos Hebreus deixam isto muito claro. Portanto, qualquer tentativa de retornar a ela não dá certo, e a própria lógica nos mostra isto. Paulo chega a afirmar que os que querem observar a lei caíram da graça (Gl 5:4). Paulo diz mais claramente: “Mas, antes que a fé viesse, estávamos guardados debaixo da lei, e encerrados para aquela fé que se havia de manifestarDe maneira que a lei nos serviu de aio, para nos conduzir a Cristo, para que pela fé fôssemos justificados; Mas, depois que a fé veio, já não estamos debaixo de aioporque todos sois filhos de Deus, pela fé em Cristo Jesus” (Gl 3:23-26 - grifos nossos). Qualquer pessoa sensata que lê as cartas aos Gálatas e aos Hebreus percebe esta verdade: vivemos a Nova Aliança, e não a Antiga.

Os judeus imaginavam a lei como algo seco. Letra mesmo. Por exemplo, pela lei eu posso maquinar um adultério, dirigir-me ao motel com uma mulher estranha para consumá-lo. Mas posso desistir na porta do motel, e retornar sem consumar o ato. Pela lei, não houve adultério. Na graça, a intenção do coração já consuma o pecado! O pecado não está no exterior, mas no interior do homem.

A questão do casamento também mostra o quanto a graça aperfeiçoou a lei. Na Antiga Aliança vemos a poligamia ser permitida por Deus, enquanto na Nova Aliança ao homem é permitido apenas uma esposa, e à mulher apenas um marido (1 Co 7:2, 1 Tm 3:2; Tt 1:6). E aí?? Podemos seguir a lei, ou a graça aperfeiçoou o que era imperfeito?

O sacerdócio também mudou por completo na Nova Aliança. Não está mais condicionada à tribo de Levi. Na Antiga Aliança existiam as figuras do Sumo Sacerdote, sacerdotes e levitas, todos ligados à mesma tribo; na Nova Aliança, Pastores, Diáconos, e nunca ligados a uma tribo, mas tirados de entre os gentios, nenhum com poderes maiores que o crente comum, no sentido de entrar na presença do Senhor (afinal, o véu foi rasgado, qualquer um pode entrar...)... E o mais gritante, que salta aos olhos de qualquer leitor sensato das Escrituras, mas escapa aos olhos dos judaizantes: “De sorte que, se a perfeição fosse pelo sacerdócio levítico (porque sob ele o povo recebeu a lei), que necessidade havia, logo, de que outro sacerdote se levantasse, segundo a ordem de Melquisedeque, e não fosse chamado segundo a ordem de Aarão? Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz, também, mudança da lei” (Hb 7:11-12 – grifos meus). Ou não??

Paulo lutou todo o seu ministério apostólico para dissociar a Igreja gentia dos costumes e práticas do judaísmo. E por isso os judeus o odiavam, perseguiam e tentavam tirar-lhe a vida. Não mudou muito. Por mais que tentemos seguir as Escrituras neotestamentárias e tentemos conduzir a Igreja à liberdade de Cristo, os judaizantes continuam odiando os que assim almejam, e fazem questão de escravizar o crente a costumes judaicos, dos quais fomos libertos na cruz de Cristo. Esquecem-se do relatado em Atos 15, quando a Igreja se reuniu exatamente para debater se os gentios deveriam se circuncidar e cumprir a lei mosaica.

Tendo tido Paulo e Barnabé não pequena discussão e contenda contra eles, resolveu-se que Paulo e Barnabé, e alguns de entre eles, subissem a Jerusalém, aos apóstolos e aos anciãos, sobre aquela questão.[...] E, quando chegaram a Jerusalém, foram recebidos pela igreja e pelos apóstolos e anciãos, e lhes anunciaram quão grandes coisas Deus tinha feito com eles. Alguns, porém, da seita dos fariseus, que tinham crido, se levantaram, dizendo que era necessário circuncidá-los e mandar-lhes que guardassem a lei de Moisés.Congregaram-se, pois, os apóstolos e os anciãos, para considerar este assunto. E, havendo grande contenda, levantou-se Pedro e disse-lhes: Varões irmãos, bem sabeis que já há muito tempo Deus me elegeu, de entre vós, para que os gentios ouvissem da minha boca a palavra do evangelho, e cressem. E Deus, que conhece os corações, lhes deu testemunho, dando-lhes o Espírito Santo, assim como, também, a nós; E não fez diferença alguma entre eles [os gentios] e nós [os judeus], purificando os seus corações pela féAgora, pois, por que tentais a Deus, pondo sobre a cerviz dos discípulos [gentios] um jugo que nem nossos pais, nem nós, podemos suportar?Mas cremos que [nós, judeus] seremos salvos pela graça do Senhor Jesus Cristo, como eles, [os gebtios,] também. [...] Pelo que julgo que não se deve perturbar aqueles, de entre os gentios, que se convertem a Deusmas escrever-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos, da prostituição, do que é sufocado e do sangue. Porque Moisés, desde os tempos antigos, tem em cada cidade quem o pregue, e cada sábado é lido nas sinagogas. Então pareceu bem aos apóstolos e aos anciãos, com toda a igreja, eleger varões de entre eles e enviá-los, com Paulo e Barnabé, a Antioquia, a saber: Judas, chamado Barsabás, e Silas, varões distintos entre os irmãos. E por intermédio deles, escreveram o seguinte: Os apóstolos, os anciãos e os irmãos, aos irmãos de entre os gentios que estão em Antioquia, e Síria e Cilícia, saúde. Porquanto ouvimos que alguns que saíram de entre nós vos perturbaram com palavras, e transtornaram as vossas almas, não lhes tendo nós dado mandamento, Pareceu-nos bem, reunidos concordemente, eleger alguns varões, e enviá-los com os nossos amados Barnabé e Paulo. Homens que já expuseram as suas vidas pelo nome do nosso Senhor Jesus Cristo. Enviamos, portanto, Judas e Silas, os quais, de boca, vos anunciarão também o mesmo. Na verdade, pareceu bem ao Espírito Santo, e a nós, não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias: Que vos abstenhais das coisas sacrificadas aos ídolos, e do sangue, e da carne sufocada, e da prostituição, das quais coisas bem fazeis se vos guardardes. Bem vos vá” (At 15:2-29 – grifos e destaques meus, para melhor compreensão).

Amo os judeus! Amo e respeito a religião judaica, embora esteja ciente de que a lei foi dada por Moisés; a graça e a verdade vieram por Jesus Cristo” (Jo 1:17). Posso perfeitamente aceitar que judeus (ou mesmo prosélitos gentios que adotem o judaísmo como sua fé) sigam e pratiquem sua religião. Mas não posso aceitar que CRISTÃOS JUDAIZANTES queiram recosturar o véu do Templo, ou seja, desfazer a obra que foi feita por Jesus, buscando-nos reconduzir à lei e à sua escravidão! São amantes da música que, em plena era da música digital, ainda se apegam às vitrolas e aos discos de vinil... Tô fora! Sola Gratia!

2 comentários:

  1. Muito bom o texto. Só gostaria de fazer uma ressalva: A nova aliança não aboliu a "poligamia", como o autor disse. Os versículos, por ele citados (1 Co 7:2, 1 Tm 3:2; Tt 1:6), em momento algum afirmam que são mandamentos para os cristãos. São orientações, principalmente para os bispos/presbíteros. Em Corintios 7:2, o escritor diz que cada um deve ter sua esposa, mas não diz que cada um deve ter sua única esposa. O motivo pelo qual nós, cristãos brasileiros, não podemos ter mais de uma esposa é porque a Bíblia nos manda respeitar a Lei de Deus e a Lei do homem. Em nosso país ter mais de uma esposa é crime, portanto temos que respeitar a lei. Outra coisa, qualquer um que é casado sabe que, em um país como o nosso, defensor da democracia (Graças a Deus), seria inviável, para a maioria dos homens, ter mais de uma esposa, em função da liberdade que eles gozam (Graças a Deus por isso também). Esse tipo de costume só funciona em locais onde as mulheres não são tidas como nossas iguais, em lugares em que os homens as tratam como seres inferiores à animais. São essas as verdadeiras razões que nos levam a ter uma só mulher. Antes que alguém diga somos todos sacerdotes de Cristo (e isso é verdade), afirmo que os versículos 1 Tm 3:2; Tt 1:6 foram dirigidos para os bispos e presbíteros que são os dirigentes de nossas congregações. São os líderes que chamamos de nossos pastores terrenos. Não podemos ter medo de encarar verdades bíblicas, por mais que alguns possam interpretá-las para justificar atitudes pecaminosas. A verdade está lá (na Bíblia) qualquer um que usá-a de forma indevida, responderá ao Pai. Eu sei que eu sou feliz marido de uma só mulher. Mas sei que, em um país onde a poligamia é costume, existem cristãos, marido de mais de uma mulher, que são felizes, conhecedores da palavra e que serão salvos. Que a Paz esteja conosco.

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  2. Hugo, os textos a Timóteo e a Tito realmente remetem à escolha de presbíteros e diáconos. Entretanto, 1 Co 7 descreve o padrão neotestamentário do casamento para todos os cristãos, o que evidentemente não condena ao inferno pessoas que, por conta da sua cultura poligâmica, aderiram à poligamia (ou poliandria, dependendo da cultura). 1 Co 7 passou a ser o padrão para novos convertidos solteiros, que não eram "autorizados" pela doutrina da Igreja a contrair segundas núpcias enquanto estivesse viva a primeira esposa, e ao mesmo tempo jamais deveriam ser escolhidos líderes que estivessem nesta condição matrimonial! Abraço, e fica na paz.

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