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"Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim." – Jo 15.18

11 de janeiro de 2017

JOÃO BATISTA – UM HOMEM QUE SABIA QUEM ELE ERA




Por Pr. Silas Figueira

Texto base: João 1.19-28 

INTRODUÇÃO

Estamos vivendo a época das celebridades “gospel”. E essas celebridades vão do pastor a apóstolo, do cantor a ex-famosos com seus testemunhos marcantes... Muitas vezes o pastor é o pop star; os cantores são verdadeiros astros sendo idolatrados e tendo até fã clube. O negócio é SER, TER e APARECER! Essa é a tônica do momento do mundo gospel; algo totalmente diferente na vida e ministério de João Batista.  

João Batista foi o precursor de Jesus. O próprio Senhor Jesus disse que entre os nascidos de mulher não houve ninguém maior que João (Mt 11.11). De todos os homens (incluindo, evidentemente, grandes servos de Deus como Abraão, Moisés e Elias) João Batista era o maior. Ele era maior porque abriu o caminho para o Ungido de Deus. Ele era maior porque teve o privilégio de ver o próprio Messias. João Batista foi o último profeta do Antigo Testamento (Lc 16.16). Ele não só foi o último profeta, mas foi o profeta citado por Isaías (Is 40.3); aquele que viria preparar o caminho para o Messias. E, no entanto, ele disse a respeito de Jesus:

“Ele é aquele que vem depois de mim, e não sou digno de desamarrar as correias de suas sandálias” (Jo 1.27 – NVI).

O Reverendo Rodolfo Góis disse que João Batista era um “produto exportação” do seu tempo. Tinha até estilo exclusivo (“usava uma roupa feita de pelos de camelo e um cinto de couro e comia gafanhotos e mel do mato” – Mc 1.6). Hoje em dia isso aumentaria o seu sucesso e alavancaria os multiprodutos com a sua marca: Grife JB, Snacks em forma de grilo com gostinho de mel, artigos de couro do João, além da família de bonecos. Pelo menos quatro linhas de produtos de sucesso, sem contar os milhões de acessos garantidos nos reprodutores de mídia online que lhe dariam bons retornos financeiros com os patrocínios no seu canal exclusivo. No “auge da sua carreira”, entretanto, João faz uma declaração que poderia deixar todos perplexos. Ele diz que havia alguém “mais importante do que ele”. Isso não é uma coisa que uma celebridade pode dizer a qualquer um e a qualquer momento. No auge do sucesso João se coloca na mais baixa condição. Mas ele não se importa, nem treme, nem sua a frio, nem titubeia. Declara de boca cheia e com imensa convicção. Este antimarketing poderia causar um grande prejuízo nos empreendimentos com a sua marca e sua imagem. Mas ele não se importava, porque sabia que maior que o seu discurso era aquele a quem ele estava preparando o caminho. João sabia que mais valiosa que a sua popularidade era a integridade da sua missão. Sabia que o melhor lugar era estar aos pés de Jesus, mas que isso não dependia dos seus méritos, e sim da graça divina. [1].

Hoje em dia nós não temos visto muito disso por aí, muito pelo contrário, o que temos visto são pessoas que se dizem ser servas do Senhor Jesus, mas querendo honras e glórias que a Ele pertencem. Gente que busca os holofotes. Como falamos no início, são pessoas que querem ser, ter e aparecer. Gente que busca glória para si e não para Deus, mas falam em nome dEle. Gente que anda na contramão da humildade de João Batista.

E é sobre isso que eu quero pensar com você através desse texto. Analisando-o nós encontramos um homem que sabia quem ele era, onde estava e para que veio – isto é, ele sabia que ele era apenas um precursor daquele que era maior que ele.

Vamos analisar o texto.

A PRIMEIRA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE JOÃO SABIA QUEM ELE NÃO ERA (Jo 1.19-22)
  
A primeira parte do capítulo 1 do Evangelho de João nos é mostrado quem é Jesus e qual foi sua missão, nessa segunda parte, João nos apresenta quem foi João Batista. Um homem no mínimo peculiar, uma vez que vivia no deserto (Mc 1.4), usava vestimenta ímpar (Mc 1.6) e, com um discurso de arrependimento (Mc 1.4), batizava multidões (Mc 1.5) – hábitos completamente semelhantes aos dos profetas antigos. Sem contar os agravantes de que aquela era uma época de silêncio (não havia nenhum enviado de Deus há mais de 400 anos) e de dominação externa sobre Israel (dos Romanos).

Quando João começou sua carreira pública de pregador de arrependimento, no vale do Jordão, existia um clima generalizado de expectativa, especialmente entre os israelitas piedosos que “esperavam a redenção de Jerusalém” (Lc 2.38). A aparição repentina deste estranho pregador e batizador, que trazia os sinais que autenticavam os profetas antigos, causou uma impressão profunda sobre eles. Menos de um século antes (63 a.C.), a dinastia nativa dos Hasmoneus (a dinastia dos hasmoneus foi fundada sob a liderança de Simão Macabeu, duas décadas depois de seu irmão, Judas Macabeu derrotar o exército selêucida durante a Revolta Macabeia, em 165 a.C.), tinha caído e a terra de Israel fora incorporada ao Império Romano. Esta perda de independência e o fracasso das esperanças que se tinham concentrado nos reis-sacerdotes Hasmoneus causou um renascimento de um Messias da linhagem de Davi. No entanto, João era da linhagem de Levi, embora seja possível que a massa da população não conhecesse a sua origem [2].

Em meio a esse cenário, era natural as autoridades religiosas se preocuparem com tal homem. Afinal, seria ele um legítimo profeta? Ou, quem sabe, até mesmo o Cristo? Ou seria apenas mais um farsante (At 5.36)? Assim, João Batista era, no mínimo, digno de observação, pois, na pior das hipóteses, poderia ter um discurso que causaria problemas e, na melhor delas, poderia ser uma nova autoridade enviada por Deus que libertaria o povo judeu.

E é nesse contexto que o evangelista tenta nos responder quem foi João – num inquérito organizado pelas próprias autoridades religiosas da época (Jo 1.19). Essas autoridades eram sacerdotes, levitas e fariseus. Essa delegação fora enviada pelo Sinédrio, que funcionavam como juízes em Israel – uma espécie de corte suprema.

E quando os seus inquisidores lhe perguntam quem ele era, as respostas foram negativas. O interessante desse trecho é que o evangelista nos responde a essa pergunta sobre a própria ótica do entrevistado. E, com isso, vemos que João Batista demonstra grande conhecimento de si mesmo. Ele sabia quem ele não era. E ele disse três coisas: que ele não era o Cristo, que ele não era Elias e que não era o Profeta.

1º - Ele disse que não era o Cristo (Jo 1.20). Essas eram as ideias mais comuns no tocante à identidade de João Batista, cujo ministério era tão grande que muitos pensavam que Deus, sem a menor dúvida, havia visitado novamente o seu povo, enviando um dos antigos profetas, a fim de encarregar-se de uma atividade renovada na terra de Israel. João Batista, em seu ardor político, em seu zelo por derrubar as existentes autoridades políticas e religiosas, e em sua insistência de que o Reino de Deus estava próximo, e que o próprio Messias estava prestes a expurgar sua eira, separando a palha do trigo, era uma figura muito melhor a esse quadro messiânico do que o perene politicamente indiferente Jesus, conforme a conceito comum, popular, de como viria o Messias [3].

João em momento algum colocou-se maior do que era, como é o costume de alguns – muito pelo contrário, ele se anulou. Diferentemente de muitos, ele apontava para outro e não para si próprio. Ele sabia exatamente seu lugar e sua missão.

As pessoas até poderiam pensar que ele era o Messias, mas João não quis tomar para si esse título que não lhe pertencia. No entanto, o que temos visto hoje de pessoas que se pudessem davam um golpe de estado até no diabo.

2º - Ele disse que não era Elias (Jo 1.21a). Em Malaquias 4.5 nos diz que Elias viria antes do fim de todas as coisas:

"Vejam, eu enviarei a vocês o profeta Elias antes do grande e terrível dia do Senhor”(NVI).

E isso é corroborado pelo próprio Senhor Jesus em Mt 17.10-13:

Os discípulos lhe perguntaram: “Então, por que os mestres da lei dizem que é necessário que Elias venha primeiro?” Jesus respondeu: "De fato, Elias vem e restaurará todas as coisas. Mas eu lhes digo: Elias já veio, e eles não o reconheceram, mas fizeram com ele tudo o que quiseram. Da mesma forma o Filho do homem será maltratado por eles". Então os discípulos entenderam que era de João Batista que ele tinha falado (NVI).

Então porque João negou tal coisa? Simples, porque os judeus, na época de Jesus, criam que Elias, o profeta do Antigo Testamento, viria em carne e osso, ou seja, que ele iria nascer de novo. Naquela época se acreditava na reencarnação, mas é bom lembrar que essa doutrina da reencarnação é para os que já morreram e Elias do Antigo Testamento não morreu (2Rs 2.11); então cai por terra aqui essa ideia também.

João Batista veio no mesmo espírito e vigor do Elias do Antigo Testamento (Lc 1.17), até suas roupas eram semelhantes (2Rs 1.8; Mc 1.6), mas não era a mesma pessoa.  Tanto não era a mesma pessoa que o Elias do Antigo Testamento operava milagres, já o Elias do Novo Testamento não se ouve falar em nenhum milagre que ele tenha operado. No entanto, João Batista veio para dar continuidade ao ministério profético de Elias.

A negativa de João tinha uma boa justificativa.

3º - Ele disse que não era o Profeta (Jo 1.21b). Mais uma vez João diz não, dessa vez em relação a ser o Profeta. Eles estavam perguntando se João era o Profeta que Moisés disse que viria. Eles estavam fazendo uma alusão à passagem de Dt 18.15 que diz:

“O Senhor, o seu Deus, levantará do meio de seus próprios irmãos um profeta como eu; ouçam-no” (NVI).

Esse profeta referido por Moisés é o Messias que Israel esperava, ou seja, esse profeta já estava entre eles e era o Senhor Jesus; por isso que João disse que não era o Profeta. Mas se estivessem perguntado se ele era um profeta, provavelmente ele responderia que sim, pois ele era profeta, aliás, o último profeta do Antigo Testamento.

João Batista declarou categoricamente que não era o Cristo (Jo 1.19,20). Não era o Elias (Jo 1.21) nem o Profeta apontado por Moisés (Jo 1.21). João Batista era o precursor do Messias, mas não o Messias. Era o amigo do Noivo, mas não era o Noivo. João Batista veio no espírito de Elias, mas não era Elias. João Batista não era o profeta apontado por Moisés, mas era o precursor desse profeta. Embora os interrogadores estivessem confusos acerca de sua identidade, João Batista tinha plena consciência de quem era e do que viera fazer [4].

Quantas pessoas, mesmo com anos de cristianismo nas costas, não sabem quem são e nem para que existem? Quantos não se colocam no nosso lugar de pecador, mas só se veem como quem tem autoridade apenas para apontar e rebaixar os outros?

Quando temos noção real de quem somos – servos do Senhor Jesus – passamos olhar o mundo com outros olhos e deixamos de achar que somos melhores que os outros, e, acima de tudo, não buscamos títulos que não nos pertence. Que possamos aprender isso com João Batista.

Como disse A. W. Tozer: “Nunca preguei a grandes multidões, pelo menos na minha própria igreja. Mas preguei um Cristo coerente. Esse desejo de obter seguidores, de ser reconhecido, de ter reputação, não é para os que estão vivendo a vida crucificada” [5].

A SEGUNDA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE JOÃO SABIA QUEM ELE ERA (Jo 1.22,23).

Os interlocutores de João Batista tinham que prestar contas às autoridades judaicas, por isso eles insistiram em saber, afinal de contas, quem ele era. E a resposta de João Batista foi extremamente inusitada, pois ele responde citando a profecia do profeta Isaías que falava a respeito da volta do povo judeu do exílio (Is 40.3).

Mas na aplicação do Novo Testamento faz do oráculo, o deserto passa a ser o deserto da Judéia, onde João pregou a mensagem de arrependimento. A linha profética dupla que vai de Isaías 40 a 66 começa anunciando boas notícias a Sião porque os filhos exilados voltarão, mas vai mais longe, falando de uma redenção mais ampla, não operada por Ciro, mas pela paixão e vitória do obediente Servo do Senhor, concluindo com a promessa de novo céu e nova terra [6]. 
  
A profecia de Isaías falava do retorno do povo judeu do exílio, mas também fazia referencia aquilo que o Senhor iria realizar pelo seu povo, de todos os povos (Ap 7.9,10) que nos diz:

“Depois disso olhei, e diante de mim estava uma grande multidão que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas, de pé, diante do trono e do Cordeiro, com vestes brancas e segurando palmas. E clamavam em alta voz: "A salvação pertence ao nosso Deus, que se assenta no trono, e ao Cordeiro"” (NVI).

Saber quem eu sou depende muito também de uma boa interpretação teológica. Por que digo isso? Porque há muitas pessoas que estão tão perdidas teologicamente que pensam que sabe quem são, mas estão totalmente enganadas.

João Batista não só sabia quem ele era como também sabia que era um cumprimento profético.

1º - João Batista sabia que era profeta. Para isso ele veio. Para isso ele estava no deserto pregando a mensagem de arrependimento (Mc 1.4,5). João não tinha dúvidas de qual era o seu lugar na história de Israel, e isso não é presunção, mas convicção.

Podemos exercer vários papéis nesta vida. Podemos ser profissional liberal, professor ou aluno; ser casado ou solteiro... Nada disso importa, mas de uma coisa todos nós crentes em Jesus devemos saber que fomos chamados para ser testemunha do Senhor Jesus (At 1.8). Somos profetas no sentido de compartilhar a Sua Palavra através do nosso testemunho e da palavra pregada. Nunca se esqueça disso!

2º - João Batista sabia que era consagrado ao Senhor desde o ventre (Lc 1.8-17). João Batista era filho de um sacerdote, ou seja, João Batista era levita, sacerdote e profeta. Mas foi escolhido desde antes de nascer para ser profeta, assim como o Senhor escolheu Jeremias (Jr 1.4,5). João era fruto de um milagre, pois seus pais eram velhos quando ele nasceu (Lc 1.18). 

Mas a questão é: “Quem é você?” E ai? O que me diz? Pare e pense um pouco. Difícil responder, não?

Essa é uma questão existencial, não uma mera filosofia – essa é uma pergunta que influencia totalmente nosso viver. Afinal, se não sabemos quem somos o mundo determinará quem você será. Sem saber de onde você veio, para onde você irá, qual a sua missão, não há outra escolha senão seguir o fluxo. E, seguindo o fluxo, vivemos deixando de viver com Deus, nos assemelhando ao mundo e o que ele nos leva a fazer.

No momento que o Senhor nos chamou, seja em qual idade for, somos consagrados ao Senhor. Somos seus servos e devemos honrá-Lo através da nossa vida, pois somos morada do Espírito Santo (1Co 3.16). Não devemos negligenciar o nome de cristão que carregamos; como disse Paulo em Gl 2.20:

“Já estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé do Filho de Deus, o qual me amou, e se entregou a si mesmo por mim”.

Não seguimos o fluxo desta vida, mas nos consagramos ao Senhor.

TERCEIRA LIÇÃO QUE APRENDO É QUE JOÃO BATISTA SABIA POR QUE VIERA (Jo 1.23-28).

Os interlocutores de João Batista estavam inquietos em saber quem ele não era, mas parece que eles não o ouviram dizer quem ele era. Observe o que eles dizem: “Alguns fariseus que tinham sido enviados interrogaram-no: "Então, por que você batiza, se não é o Cristo, nem Elias, nem o Profeta?” (Jo 1.24,25 – NVI).

Já que você não é nada, porque faz isso? É isso que eles estavam falando com João Batista. Eles estavam desmerecendo o seu chamado e o seu ministério. Estavam o reputando a nada. Mas João Batista não se deixa levar por seus comentários.

Isso não é diferente hoje. Quantas pessoas nos olham de cima para baixo como se nós não fôssemos nada, ou na melhor das hipóteses, bem menos que eles. E isso acontece em todos os lugares (no trabalho, na escola, entre pastores...).

João Batista responde de forma clara e objetiva porque viera.

1º - Ele veio como o precursor do Messias (Jo 1.23). Eu vim como cumprimento profético. Eu vim para aplainar o caminho que o Messias irá passar. Eu vim lhe preparar o caminho de forma que o Messias possa ser apresentado à nação de Israel. Eu sou profeta, porta voz de Deus.

João Batista não era um eco; era uma voz. Não era a voz que ecoava no templo, nos lugares sagrados, mas a voz que ecoava no deserto. Ele veio preparar o caminho para o Messias, aterrando os vales, nivelando os montes, endireitando os caminhos tortos e aplainando os caminhos escabrosos (cheio de altos e baixos, obstáculo) [7]. Toda vez que um rei ia visitar uma província ele enviava alguém para endireitar o caminho para ele passar.

João Batista endireitou o caminho pregando o arrependimento (Lc 3.7-18). Esse texto mostra João Batista aplainado o caminho das almas das pessoas. Desde os mais simples até os religiosos.

João dizia às multidões que saíam para serem batizadas por ele: "Raça de víboras! Quem lhes deu a ideia de fugir da ira que se aproxima? Deem frutos que mostrem o arrependimento. E não comecem a dizer a si mesmos: ‘Abraão é nosso pai’. Pois eu lhes digo que destas pedras Deus pode fazer surgir filhos a Abraão. O machado já está posto à raiz das árvores, e toda árvore que não der bom fruto será cortada e lançada ao fogo". "O que devemos fazer então?", perguntavam as multidões. João respondia: "Quem tem duas túnicas reparta-as com quem não tem nenhuma; e quem tem comida faça o mesmo". Alguns publicanos também vieram para serem batizados. Eles perguntaram: "Mestre, o que devemos fazer?" Ele respondeu: "Não cobrem nada além do que lhes foi estipulado". Então alguns soldados lhe perguntaram: "E nós, o que devemos fazer?" Ele respondeu: "Não pratiquem extorsão nem acusem ninguém falsamente; contentem-se com o seu salário". O povo estava em grande expectativa, questionando em seus corações se acaso João não seria o Cristo. João respondeu a todos: "Eu os batizo com água. Mas virá alguém mais poderoso do que eu, tanto que não sou digno nem de curvar-me e desamarrar as correias das suas sandálias. Ele os batizará com o Espírito Santo e com fogo. Ele traz a pá em sua mão, a fim de limpar sua eira e juntar o trigo em seu celeiro; mas queimará a palha com fogo que nunca se apaga". E com muitas outras palavras João exortava o povo e lhe pregava as boas novas.

Esse texto por si só já nos diz tudo!

2º - João Batista veio para batizar o batismo de arrependimento (Jo 1.26; Lc 3.3). Ao dizer eu batizo com água, João aponta para o fato de que existe uma grande diferença entre o que ele está fazendo e o que o Messias fará. Tudo o que João pode fazer é administrar o sinal (água). Somente o Messias pode conceder aquilo que a água simboliza (o poder purificador do Espírito Santo) [8].

João deixou bem claro que não estava fundando uma nova religião nem procurando exaltar a si mesmo. Voltava o olhar das pessoas para o Salvador, o Filho de Deus (Jo 1.34).

3º - João veio para apresentar Aquele de quem ele não era digno de desatar as sandálias (Jo 1.26-27). O que vemos na vida de João Batista é o que está faltando na vida de muitos líderes por aí, humildade. João destaca a sua irrelevância relativa em comparação com Aquele que vem, ao dizer que é indigno até de prestar um serviço tão baixo como desatar-lhe as correias das sandálias. João considerava-se indigno até desta atitude tão serviu diante dAquele que vem [9].

Humildade não é ser o menor, mas saber qual é o nosso lugar no Reino. Até Jesus nos ensinou o que é humildade e nos disse que deveríamos aprender isso com Ele (Mt 11.29). Humildade não é um sinal de fraqueza, mas um sinal de reconhecimento do valor do outro (Fl 2.3-7).

Humildade não é para qualquer um; só os fortes são humildes. Geralmente os fracos é que são arrogantes e presunçosos, pois vivem de aparência.

Devemos olhar para a vida de João o Batista e nos espelharmos nele.

CONCLUSÃO

Se houve um homem que podia se engrandecer do seu chamado era João Batista, no entanto ele se mostra de forma humilde reconhecendo quem ele era porque o Senhor o levantara. Essa lição que João nos dá está faltando em muitas pessoas hoje. Muitos pensam que estão aqui para serem servido e não para servir. Muitos pensam que por terem um título são melhores que os outros.

O próprio Senhor Jesus nos disse que aquele que se humilha seria exaltado, mas aquele que se exaltasse seria humilhado (Mt 23.12). João sabia quem ele não era, quem ele era e para que veio. E você?

É o Senhor quem nos exalta, você não precisa exaltar-se a si mesmo. Por isso eu quero encerrar lhe contando uma pequena história:

Houve fome na Alemanha. Um homem chamou vinte crianças disse: Nesta cesta há um pão para cada um de vocês. Voltem todos os dias. Vou lhes dar um pão por dia. As crianças brigaram pelos maiores pães. Nem agradeceu. Foram embora, cada um com seu pão, exceto uma menininha chamada Maria. Então, sorrindo, ela pegou menor pão, e agradeceu de coração. No dia seguinte, as crianças se comportaram pior. Maria, que não entrava nos empurrões, ficou só com um pãozinho bem fininho. Quando chegou a casa e a mãe foi cortar o pãozinho, caíram de dentro 6 moedas de prata. Oh, Maria! Exclamou a mãe. Esse dinheiro não é nosso. Devolva-o ao dono! E Maria foi devolver. O senhor lhe disse - Não foi engano; eu coloquei as moedas no menor pão, para te recompensar. E lhe deu mais 6 moedas. Se o teu pão tem sido o menor, continue fiel e grato; Deus é justo.

Pense nisso!

Fonte:

1 – Góis, Rodolfo. Se João Batista fosse famoso. http://ministeriobbereia.blogspot.com.br/2013/05/se-joao-batista-fosse-famoso.html, acessado em 06/01/17.
2 – Bruce, F. F. João: introdução e comentário. Edições Vida Nova e Mundo Cristão, São Paulo, SP, 1987: p. 51.
3 – Champlin, R. N. O Novo Testamento Interpretado Vol. 2, versículo por versículo. Editora Candeia, São Paulo, SP, 10ª Reimpressão, 1998: p. 280.
4 – Lopes, Hernandes Dias. João, As glórias do Filho de Deus. Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2015: p. 44.
5 – Tozer, A. W. A vida crucificada. Editora Vida, São Paulo, SP, 2013: p. 91.
6 – Bruce, F. F. João: introdução e comentário. Edições Vida Nova e Mundo Cristão, São Paulo, SP, 1987: p. 54.
7 – Lopes, Hernandes Dias. João, As glórias do Filho de Deus. Editora Hagnos, São Paulo, SP, 2015: p. 45.
8 – Ibid, p. 46.
9 – Bruce, F. F. João: introdução e comentário. Edições Vida Nova e Mundo Cristão, São Paulo, SP, 1987: p. 56.


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