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"Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim." – Jo 15.18

24 de maio de 2010

Estevam Hernandes há 20 anos



Aos 36 anos de idade, Estevam Hernandes dirigia sua própria empresa de informática e se destacava por ser o pastor e fundador da Igreja Evangélica Renascer em Cristo. Confira uma entrevista de 1990, pouco depois do início de seu ministério


Por Sheila Bastos
A vida deste executivo paulista de 36 anos poderia ser semelhante à de tantos outros. Formado em Administração de empresas, com especialização no Japão, foi gerente de marketing da Xerox do Brasil e Itautec e hoje (1990) dirige sua própria empresa de representação na área de informática. Casado, pai de dois filhos, classe média, o que o torna uma figura singular é o fato de ser pastor e fundador da Igreja EvangélicaRenascer em Cristo. Para falar desse movimento e da sua vida o pastor Estevam recebeu a extinta revista Kerigma na sede da Igreja, em São Paulo. Kerigma - Fale-nos sobre você
Hernandes - Meu discipulado foi ministrado pelo pastor presbiteriano Epaminondas Silveira Lima, já falecido, que iniciou uma obra chamada Pentecostal da Bíblia, hoje com mais de 100 templos em todo o país. A marca que ele imprimiu à minha formação religiosa permaneceu. Passei a participar de movimentos evangélicos especialmente voltados aos jovens, desenvolvendo trabalhos inéditos até então. Tornei-me co-pastor da Igreja Cristã Evangélica, época em que minha atividade profissional na Xerox ainda prevalecia sobre a atividade ministerial. Foi quando Deus resolveu dar uma guinada na minha vida e o movimento Renascer emCristo teve início. Um trabalho de recuperação de vidas, desenvolvido fora dos padrões até então estruturados que começou com poucas pessoas, em minha própria casa. Com a presença de Deus os milagres da obra começaram a acontecer independentemente de um planejamento ou qualquer tipo de projeção de nossa parte. E aqui estamos hoje.

Kerigma – Sua igreja está sendo considerada o mais novo fenômeno do movimento evangélico em São Paulo. Por quê?
Hernandes - Eu atribuo esse destaque à forma como Deus nos tem aberto as portas. Ocupamos hoje um espaço de 3.000m2 de área construída, que já foi considerado o maior de São Paulo. Isso representa a concretização de um sonho que julgávamos irrealizável, até porque não queríamos construir um templo religioso, apenas. Queríamos reunir igreja, teatro, galeria de arte, enfim, uma série de atividades a serviço do Reino de Deus, porém fora das convenções que até então balizavam o trabalho pastoral. E Deus nos atendeu. Hoje realizamos aqui reuniões de 3.500 participantes sentados, não raro atingindo 5.000 pessoas no total.

Kerigma – Conte-nos sobre o processo de aquisição desse espaço.
Hernandes - Quando minha casa ficou pequena para as reuniões, alugamos uma sala anexa a uma Pizzaria, em São Paulo/SP. Logo em seguida o governo decretou o Plano Cruzado, o movimento da Pizzaria aumentou e o proprietário quis a sala de volta. Na iminência de ficarmos sem um local para as reuniões, juntei o grupo e recolhemo-nos a um sítio para um fim de semana inteiro de jejum e orações. Foi quando Deus, através de uma palavra profética, falou conosco. Disse que havia preparado um local para a instalação da igreja e que esse local seria do jeito que eu lhe solicitara. Deveríamos simplesmente procurar. E como procuramos. Era época de eleições e não havia absolutamente nada disponível. Um dia, deparamo-nos com uma igreja antiga, abandonada. Era a Igreja Evangélica Árabe. Alugamos o imóvel e fizemos o primeiro culto dominical entre ruínas e na companhia de morcegos. Ali demos início ao ministério de reconstrução de vidas, recebendo pessoas com as mais diversas carências e com todo o tipo de ferimentos espirituais. Um ano depois, mesmo com as ampliações que fizemos, a igreja estava pequena. Algum tempo depois encontramos este espaço, cujo preço, em dólares, era muitíssimo superior às nossas possibilidades. Deus indicou-nos então um irmão, industrial, que acreditou na causa e na missão que fora confiada. Comprou a propriedade e aqui estamos.

Kerigma – Um espaço físico apropriado é uma ferramenta poderosa. Contudo, temos visto igrejas vazias, apesar de bem instaladas. A sua está sempre lotada. Por quê?
Hernandes - Ao nosso ministério de Reconstrução de Vidas, denominado Ministério Neemias. Com isso as pessoas encontraram guarida, liberdade e um campo fértil para o desenvolvimento dos trabalhos. Contudo, o que gerou um crescimento substancial no movimento foi nossa visão evangelística total, desvinculada de qualquer linha teológica pré-estabelecida.

Kerigma – Explique-nos a diferença entre o evangelismo ortodoxo e o que você chama de evangelismo total.
Hernandes - O evangelismo total prega a recuperação do homem na sua totalidade: corpo, alma e espírito. Em nível de corpo procuramos recuperar, por exemplo, viciados em álcool ou drogas, reinserindo-os no contexto social. O segundo passo é a reestruturação psicológica do indivíduo. O terceiro é um trabalho discipular, muito firme, sempre atrelado a evangelização ao aspecto social, participativo.

Kerigma – Para que lado caminha a igreja brasileira?
Hernandes - Eu vejo essa caminhada com preocupação, pois hoje existem mais pessoas fora do que dentro da igreja. Esta não tem acompanhado a evolução dos acontecimentos, não tem se integrado ao aspecto social do mundo de hoje. Daí a abertura de espaços que estão sendo ocupados por movimentos que podemos dizer vindos das trevas.

Kerigma – Esse processo tem a ver com a própria estrutura denominacional?
Hernandes - Tem. E essa convicção está presente inclusive na Igreja Católica, segundo me disse uma autoridade eclesiástica de São Paulo. Segundo ele, a tranqüilidade de Roma decorre do fato de que no Brasil as denominações nunca deixarão que o evangelho tome o lugar que deveria. Kerigma – Por que isso acontece?
Hernandes - O grande problema é o sectarismo, pois a estrutura denominacional, em si, é boa. Se a igreja Batista se unisse à Presbiteriana e à Assembleia de Deus, por exemplo, e formássemos verdadeiramente o Corpo de Cristo, teríamos hoje no Brasil pelo menos o dobro dos 30 milhões de evangélicos existentes.

Kerigma – Teria a estrutura denominacional se tornado em gesso para o Espírito Santo?
Hernandes - É pior do que isto. É como se o Espírito Santo tivesse sido colocado no centro de um iceberg posto a navegar pelo Pólo Norte. Perdeu-se a essência da palavra e abriu-se caminho para um bispo Edir Macedo.

Kerigma – O que você tem a dizer sobre o bispo Macedo?
Hernandes - A grande culpada é a igreja evangélica de um modo geral. Se a igreja tivesse estado aberta às necessidades do povo, movimento como esse, liderado pelo bispo Macedo, não aconteceriam.

Kerigma – Dizem que muita gente famosa freqüenta sua igreja. É verdade?
Hernandes - Sim. A Virgínia Novick, das Lojas Marisa, é um exemplo de pessoa famosa que participa da nossa igreja.

Kerigma – O piloto Ayrton Senna também?
Hernandes - Ele esteve aqui uma vez, mas não pode descer do carro devido ao tumulto que causou. No entanto, nós ministramos discipulado a ele através de fitas de vídeo.

Kerigma – Mais alguém famoso?
Hernandes - Sim. O Mingo, ex-integrante dos Incríveis, o Marcelo, ex-Rádio Táxi, que hoje é baterista do Katsbarnéa, além de outras figuras famosas que estamos discipulando e no momento não convém mencionar.

Kerigma – Fale-nos um pouco mais sobre o Ministério Neemias, sobre essa reconstrução de vidas.
Hernandes - Nós procuramos desenvolver o potencial das pessoas, independentemente dos atos que elas possam ter praticado. Somos contrários à posição das igrejas que atiram fora seus membros que cometeram erros, fechando-lhes inclusive as portas do céu. Nós acreditamos na recuperação das pessoas, sejam quais forem às circunstâncias, e trabalhamos por isso. Kerigma - Fale-nos sobre a banda Katsbarnéa.
Hernandes - O Katsbarnéa é uma dessas coisas loucas que Deus nos reservou. Eu procurava um veículo para a palavra de Deus fora da barreira das religiões. Foi quando conheci o Simion, hoje líder da banda, num evento da Xerox. A ele se uniram outros músicos e o Katsbarnéa foi formado. Foi uma revolução, pois o som era muito forte, ainda que de altíssima qualidade. Todo um trabalho de discipulado foi feito com os músicos e hoje o grupo supera a condição de conjunto musical. De ex-drogados os rapazes do Katsbarnéa se transformaram em um ministério de evangelismo. Em tempo: Katsbarnéa é uma palavra grega, que significa consagrado.

Kerigma – Como você concilia a atividade de pastor com a de executivo? Não seria melhor dedicar-se só ao pastoreio? E a família, como fica?
Hernandes - Minha mulher Sônia e meus filhos Felipe e Fernanda são totalmente integrados à igreja. Eles não se importam, por exemplo, em ocupar apenas um quarto em nossa casa e ceder temporariamente o resto para irmãos que estejam sem ter onde morar. A conciliação pastor/executivo é, sem dúvida, desgastante. Mas sei que estou sendo usado por Deus como exemplo para outras pessoas. A minha vida profissional é usada para o reino do Senhor, como um testemunho de que conciliação é possível, que um executivo de sucesso também pode servir à causa de Deus. E essa compatibilidade tem dado credibilidade ao nosso trabalho e ajudado a conquistar gente nova para o movimento.



Apóstolo Estevam Hernandes há 20 anos. Confira uma entrevista de 1990


Kerigma – Fale-nos sobre as conversões de filhos de pastores que têm ocorrido na sua igreja.
Hernandes - Temos aqui vários filhos de pastores tradicionais, daqueles que precisavam passar para suas comunidades a idéia de que eram santos e infalíveis. Só que dentro de casa eram homens comuns, com imperfeições inerentes à condição humana. Presenciar esse paradoxo todos os dias fez tanto mal a esses jovens que muitos deles afastaram-se completamente da igreja. Aqui eles encontraram a religião com liberdade. O trabalho é árduo, mas plenamente recompensado quando descobrem que “Deus funciona”.

Kerigma – Agradecemos o seu tempo, e queremos agora sua palavra final.
Hernandes - É a palavra do entendimento da vontade de Deus, que é sempre boa, perfeita e agradável. Neste mundo onde hoje Satanás faz estragos como nunca, onde há tanta miséria, tantos escândalos, a igreja precisa viver não mais só o Evangelho da letra. É necessário viver o Evangelho do Espírito e o Evangelho do amor.

Com informações da extinta Revista 
Kerigma e os Colaboradores: Volney Faustini,Alex FajardoSolomon

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