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"Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim." – Jo 15.18

21 de maio de 2010

Líder gay deixa PV, chama Marina Silva de falsa e Silas Malafaia de radical

Líder gay deixa PV, chama Marina Silva de falsa e Silas Malafaia de radicalO presidente do Grupo Gay da Bahia (GGB), o historiador e ativista Marcelo Cerqueira, anunciou que deixará o PV e deve ingressar no PT, depois de 10 anos de militância ao lado dos verdes. O ativista justificou sua saída pelo fato de a pré-candidata à presidência Marina Silva ser "dissimulada", segundo ele, e os verdes estarem se tornando um partido de "direita reacionária". Cerqueira, que é presidente do grupo desde 2007, aponta posições de Marina contra, por exemplo, o aborto, como questões-chave para a sua decisão.

O fato de a senadora também não apoiar a bandeira homossexual incomoda o ativista. "Nós não temos nenhuma declaração dela de apoio concreto à luta dos homossexuais. A declaração que tem é pejorativa, pois ela recusou a bandeira dada pelo companheiro (vereador) Sander Simaglio, do 
PV em Minas Gerais", disse.

Para Cerqueira, a religião da pré-candidata fortalece sua decisão. "Não dá para confiar. Na igreja em que ela comunga (Assembleia de Deus) tem o 
Silas Malafaia, que é um radical e um perseguidor dos homossexuais no Brasil inteiro", afirmou. "Não posso continuar com gente que convive com esse cidadão e certamente comunga dos mesmos ideais. Para mim, Marina é uma dissimulada", disse. Procurado pela reportagem do Terra, a assessoria do pastor informou que ele estava viajando.

O ativista contou que ainda não formalizou a posição no partido, mas garantiu que está tudo certo. Na Bahia, ele questiona também as posições do deputado federal Luiz Bassuma, dissidente do PT como 
Marina, e ferrenho opositor ao aborto. "Ele não é homofóbico de carteirinha, mas no Congresso Nacional se recusou a entrar na frente GLBT. Outros políticos na Bahia, considerados conservadores, entraram, mas ele se recusou", disse.

Fundador do 
PV baiano, o jornalista Augusto Queiroz viu a decisão de Cerqueira com tranquilidade. "Isso é normal, não tem problema. Os partidos vão se renovando", disse.

O ingresso no PT ainda não está definido, mas é quase certo que ele deve integrar a mesma corrente da prefeita de Lauro de Freitas, Moema Gramacho, a Reencantar o Brasil.

Foi no próprio PT que Cerqueira teve sua primeira experiência na política. Hoje, sem planos para disputar eleições deste ano, ele revela querer se lançar vereador por Lauro de Freitas em 2012. "Quero ser vereador em Lauro de Freitas, morar em Buraquinho, ir para a Câmara de bicicleta, trabalhar para preservar cada vez mais o meio ambiente, também na região metropolitana (de Salvador)", disse.
Críticas

O deputado federal Luiz Bassuma (
PV), pré-candidato ao governo estadual baiano, disse que ser contra os homossexuais é uma pecha que Cerqueira e Juca Ferreira, ministro da Cultura, tentam colocar nele. "Isso é mentira. Não sou contra os homossexuais, mas não entrei na frente parlamentar que ele falou porque não sou hipócrita, não sou falso. Não entraria numa frente de cuja causa não sou militante. Sou presidente da frente parlamentar pela vida", declarou Bassuma.

Hoje ele comemorou uma vitória na Câmara Federal, que foi a aprovação do Estatuto do Nascituro, cujo projeto é dele. "Após sete anos, conseguimos aprovar o projeto que defende os direitos da pessoa humana não nascida", disse o deputado.

Quanto as críticas à religião dele e de 
Marina Silva, o parlamentar, que é espírita, declarou: "Não sou como a Dilma Roussef, que cada dia diz que é uma coisa". Quanto ao que o presidente do GGB apontou como retrocesso, a luta contra o aborto, ele afirma ser um avanço. "As pessoas têm que ter firmeza e clareza em suas posições e pagar o preço por elas", comentou.
Marina Silva a respeito do movimento gay
Quem conhece a minha história e convive comigo sabe que respeito as diferenças e sou defensora da tolerância. Acredito que são posturas essenciais para a construção da ética democrática.

Minha voz e meus atos nunca manifestaram ou manifestarão, portanto, qualquer tipo de rejeição a qualquer movimento legitimado por aquilo que costumo chamar de forças vivas da sociedade.

O Estado deve assegurar a todos – sem distinção – igualdade. As políticas públicas, democraticamente aprovadas pelo Parlamento, e implementadas pelo governo, devem atender a todos.

Falo isso porque, nos últimos dias, um vereador de meu partido, militante do movimento LGBTs, me escreveu, com cópia para outras pessoas, dizendo que eu "escondi" a bandeira arco-íris que ele me entregou durante um evento público na Assembleia Legislativa de Minas Gerais. O assunto chegou a ganhar certa repercussão no universo da internet. Sander Simaglio, segundo ele escreve, teria me pedido para estender a bandeira.

Sander, um ativo militante e parlamentar, atual presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Municipal de Alfenas, subiu ao palanque no momento em que o presidente do partido em Minas, Ronaldo Vasconcellos, fazia seu discurso de posse. Na sequência, solicitou que eu tirasse uma foto ao seu lado. Atendi Sander, como faço com todos os pré-candidatos do 
PV, para registrar aquele encontro momentâneo. Não me recordo de ter tido qualquer outro diálogo com ele.

Logo em seguida, de forma simpática e respeitosa, ele me passou a bandeira que retirou do bolso de seu paletó. Como fiz com tantas outras lembranças que me foram dadas naquele dia – livros, artesanatos e flores –, passei a oferta do vereador para a minha assessoria. Então nos abraçamos, nos despedimos, e não notei nenhum desapontamento de sua parte. Aliás, não tive nenhuma reação surpreendente ao receber a bandeira.

Receber presentes e lembranças simbólicas é um ato corriqueiro em minhas andanças pelo país. Na condição de pré-candidata à Presidência da República, me coloco como postulante a representar todos os brasileiros, independentemente do que pensam, de sua orientação sexual, do que crêem ou de sua militância. Minha história é meu compromisso. Política deve ser feita com respeito, sem proselitismo.

Por fim, reafirmo: ainda que minha conduta moral e ética integrem valores da fé cristã, que professo, não discrimino quem quer que seja e defendo plena cidadania para todos. O mesmo espero de todas as outras pessoas, candidatas ou não.


Com informações do Terra / MIX Brasil

Via: O Galileu

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