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"Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim." – Jo 15.18

15 de dezembro de 2016

O PÚLPITO EM RUÍNAS



Por Silas Figueira

Ouvi a história que um pastor que estava carregando um púlpito de madeira nas costas pela rua. Alguém que conhecia o pastor lhe perguntou para onde ele estava levando aquele púlpito; ele então respondeu que estava levando o púlpito para a marcenaria, pois o mesmo estava em ruínas devido aos cupins em sua base.


Fiquei pensando nesse ocorrido e comecei a observar que há hoje em dia muitos púlpitos em ruínas devido ao ataque de “cupins” em sua base. Embora nós temos visto hoje em dia a moda dos púlpitos de acrílico, mas a base está sendo atacada por “cupins” espirituais. E a base dos púlpitos em ruína hoje são os líderes que estão por trás deles. Pessoas que não condizem com o nome que carregam; o nome de cristãos. Pessoas que estão em ruínas em várias áreas de suas vidas. Líderes que estão à frente de uma congregação, seja ela pequena, média ou grande, mas tem sido referência negativa para essas pessoas. Líderes que influenciam e que, de alguma forma, direcionam muitos para o mal e não para o bem. Gente trabalhando para o diabo, mas usando o nome de Deus.

Vamos enumerar alguns fatos que têm levado muitos púlpitos à ruína hoje:

Primeiro é vermos líderes não convertidos atrás do púlpito. Parece loucura o que vou falar, mas infelizmente não é, há muitos líderes atrás do púlpito que não nasceram de novo. Pessoas que nunca tiveram uma experiência de conversão. Agem como crente, tem cacoete de crente, mas estão longe de uma fé genuína, pois não nasceram de novo.

Vemos isso através das próprias palavras do Senhor Jesus no final do Sermão do Monte:

Muitos me dirão naquele dia: “Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios e não realizamos muitos milagres?” Então eu lhes direi claramente: Nunca os conheci. Afastem-se de mim vocês, que praticam o mal! (Mt 7.22,23 – NVI).

Como disse Spurgeon, que coisa horrível, ser pregador do evangelho, e, todavia, não estar convertido! Um pastor destituído da graça é semelhante a um cego eleito professor de ótica, que faz filosofia sobre a luz e a visão, comentando e distinguindo para outros os belos sombreados e as delicadas combinações das cores prismáticas, enquanto ele mesmo está absolutamente em trevas! É um mudo elevado à cátedra de música; um surdo a falar sobre sinfonias e harmonias! Uma toupeira pretendendo criar filhotes de águias; um molusco eleito presidente de anjos! [1].

Tais líderes são cegos guindo cegos (Mt 15.14; Lc 6.39). São pessoas que estão indo para o buraco e estão levando outros com eles. 

Segundo é vermos líderes deformados em seu caráter. Spurgeon diz que se o nosso relógio não estiver certo, muitas poucas pessoas, além de nós mesmos, sofrerão com o engano, mas se o do edifício dos Horse Guards, de Londres, ou o do Observatório de Greenwich, estiver errado, a metade de Londres ficará desorientada. Assim com o ministro. Ele é o relógio da comunidade. Muitos conferem a sua hora com ele e, se ele for incorreto, todos andarão erradamente, uns mais outros menos, e em grande medida ele terá que responder por todos os pecados que ocasiona [2].

É igual a história de um determinado pastor que assumiu uma igreja. No dia da posse ele estava com a esposa, pagaram hotel para o casal passar a noite... Alguns dias depois esse pastor disse que estava separado de sua esposa e que estava aberto para novos relacionamentos. Não tardou muito, vários membros da igreja passaram a agir como ele e ainda diziam que se o pastor podia eles podiam também.

Se houver pecado na congregação que não seja o pastor o exemplo desse pecado. Como disse Paulo a Timóteo:

“Ninguém o despreze pelo fato de você ser jovem, mas seja um exemplo para os fiéis na palavra, no procedimento, no amor, na fé e na pureza. Até a minha chegada, dedique-se à leitura pública da Escritura, à exortação e ao ensino. Não negligencie o dom que lhe foi dado por mensagem profética com imposição de mãos dos presbíteros. Seja diligente nessas coisas; dedique-se inteiramente a elas, para que todos vejam o seu progresso. Atente bem para a sua própria vida e para a doutrina, perseverando nesses deveres, pois, agindo assim, você salvará tanto a si mesmo quanto aos que o ouvem” (1Tm 4.12-16 – NVI).

Terceiro é vermos líderes preguiçosos no estudo da Palavra. A. W. Tozer falando a respeito do coração inconstante diz que o problema é que, em geral, as únicas atividades nas quais todos perseveram são aquelas em que a natureza as força a praticar – comer, beber, dormir, proteger a si mesmo, ou outro poderoso instinto interno. Enquanto humanidade perdurar, o amor, o casamento e tudo mais continuarão a existir, já que esses são instintos profundamente arraigados à nossa espécie. Entretanto, aquilo que requer planejamento e um esforço cuidadoso e árduo torna-se fácil de abandonar [2]. No caso em questão a perseverança em estudar as Sagradas Escrituras.

Para tal é necessário, em primeiro lugar, ter senso de responsabilidade. Ter consciência de que temos que estudar com dedicação e empenho, pois afinal de contas a igreja espera de nós alimento sólido toda vez que nos posicionarmos atrás do púlpito, e não lhes oferecermos palha como muitos fazem. Mas para isso é necessário sermos responsáveis, pois o irresponsável não se importa com isso.

Manejar bem a palavra da verdade implica em dedicação e empenho, esforço redobrado, desejo de fazer o melhor pelo Reino e para o Reino. 

Tomemos como exemplo a carta de John Wesley a John Trembath:

“O que tem lhe prejudicado excessivamente nos últimos tempos e, temo que seja o mesmo atualmente, é a carência de leitura. Eu raramente conheci um pregador que lesse tão pouco. E talvez por negligenciar a leitura, você tenha perdido o gosto por ela. Por esta razão, o seu talento na pregação não se desenvolve. Você é apenas o mesmo de há sete anos. É vigoroso, mas não é profundo; há pouca variedade; não há sequencia de argumentos. Só a leitura pode suprir esta deficiência, juntamente com a meditação e a oração diária. Você engana a si mesmo, omitindo isso. Você nunca poderá ser um pregador fecundo nem mesmo um crente completo. Vamos, comece! Estabeleça um horário para exercícios pessoais. Poderá adquirir o gosto que não tem; o que no início é tedioso será agradável, posteriormente. Quer goste ou não, leia e ore diariamente. É para sua vida; não há outro caminho; caso contrário, você será, sempre, um frívolo, medíocre e superficial pregador. Faça justiça à sua própria alma; dê-lhe tempo e meios para crescer. Não passe mais fome. Carregue a sua cruz e seja um cristão no verdadeiro sentido da palavra. E então, todos os filhos de Deus se regozijarão (e não se afligirão) consigo; e, particularmente”.

Poderíamos ampliar essa lista, mas creio que tudo começa pela falta de temor, por que muitos na verdade nunca tiveram uma experiência de conversão. Quem não é convertido não tem o Espírito Santo habitando em si, quem não tem o Espírito Santo não pertence ao Senhor e quem não pertence ao Senhor é filho do diabo.

O que temos visto hoje em muitas igrejas são filhos do diabo se passando por filho de Deus e levando as pessoas para o inferno com elas.

Pense nisso!

Notas:   
1 – Spurgeon, C. H. Lições aos meus alunos, vol. 2. Editora PES, São Paulo, SP, 2002: p. 11.
2 – Spurgeon, C. H. Lições aos meus alunos, vol. 2. Editora PES, São Paulo, SP, 2002: p. 20.
3 – Tozer, A. W. Os Perigos de Uma Fé Superficial. Graça Editorial, Rio de Janeiro, RJ, 2014: p. 86

Via: Ministério Beréia

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