Prova de Fogo: "O filme é um remédio eficaz sobre os problemas matrimoniais", diz diretor executivo da BV Films

Febre mundial, o longa é o mais vendido do ano pela distribuidora. Na opinião de Cláudio Rodrigues, a próxima película com data prevista de lançamento para o início de 2010, deve abordar o perdão entre pais e filhos. Por Felipe Pinheiro - www.guiame.com.br Na mesma direção de grandes estúdios como Warner, Columbia e Fox, diretores cristãos têm se empenhado em produções cinematográficas cuja boa qualidade audiovisual, até pouco tempo atrás, mantinha-se restrita aos filmes seculares. Em cumprimento à orientação de Jesus, registrada no livro bíblico de Mateus, o diretor Alex Kendrick, de "Desafiando Gigantes" e "Prova de Fogo", tem permeado seus longa-metragens com princípios cristãos e assim tem "servido [ao Reino de Deus] e dado a sua vida em resgate de muitos" (MT 20:28-28). "Ontem à noite eu e meu esposo assistimos ao filme. Hoje pela manhã ele me trouxe café na cama", disse uma senhora num e-mail de agradecimento a BV Films, a maior distribuidora de produtos gospel no Brasil, após a experiência que teve ao assistir Prova de Fogo - filme que aborda o conflito matrimonial e a solução encontrada pelo bombeiro Caleb Holt para reverter a decisão de divórcio do casal. "Prova de Fogo é um filme que veio atuar nos pontos negativos de todo relacionamento conjugal. Isso no meio evangélico teve um impacto maior, porque as pessoas já conhecem o assunto, e isso produziu um maior efeito sobre as pessoas", destacou Rodrigues. Em entrevista ao Guia-me, Cláudio Rodrigues, diretor executivo da BV Films, falou sobre a pirataria no meio evangélico, a repercussão de Prova de Fogo e fez uma observação sobre o que deve, em sua opinião, ser a temática do próximo longa de Alex Kendrick. Guia-me: Você tem sentido que cresceu a demanda por filmes cristãos? Cláudio Rodrigues: Muito. No final do segundo semestre de 2008, e durante todo o ano de 2009, o filme cresceu muito. Guia-me: Por que esse aumento de interesse? Cláudio Rodrigues: É uma demanda universal, não é só no Brasil. Isso tem acontecido em outros países também. O crédito em função disso é a queda dos valores dos CDs e o baixo custo do aparelho de DVD. Guia-me: Com a questão da pirataria, a BV tem procurado se posicionar de alguma forma? Cláudio Rodrigues: A pirataria é um câncer que está acontecendo muito no meio gospel. O que falta é a conscientização das pessoas. Eu acho que muitos evangélicos compram CD pirata porque ainda não têm uma cultura de países desenvolvidos como Canadá, EUA, europeus. Isso tem prejudicado bastante. A BV já tem se posicionado em função disso. Estamos criando um grupo de relacionamento de editoraras e gravadoras para fazermos um movimento muito forte que vai acontecer ainda este ano. Vamos atuar muito nas livrarias evangélicas. Agora falta realmente pastores falarem de púlpito sobre a pirataria. Há uma necessidade dos pastores levarem essa conscientização nas igrejas. Falta não só os pastores, mas as TVs, e rádios evangélicas falarem sobre o que é a pirataria. Guia-me: O que você pensa a respeito de enfatizar que pirataria é pecado? Cláudio Rodrigues: Eu acho que talvez não seja por esse lado. As pessoas não vão entender isso. Elas entendem que vão divulgar a Palavra de Deus, evangelizar. Se for levar para o lado do pecado, elas não vão acreditar. Você tem que ver pelo lado da conscientização; de que fazendo CD pirata, você incentiva a criminalidade, o tráfico. Guia-me: O filme A Prova de Fogo narra uma história de restauração matrimonial. Nela, o casal não estabelece uma relação próxima com Deus. Primeiramente o marido se converte e depois acaba influenciando a mulher. Você acredita que esse filme serve para a restauração de um casal que já é cristão? Cláudio Rodrigues: Sim. Eu tenho recebido muitos e-mails de cristãos e não-cristãos. Prova de Fogo é um filme que veio atuar nos pontos negativos de todo relacionamento conjugal, nos conflitos. Isso no meio evangélico teve um impacto maior porque as pessoas já conhecem o assunto e por isso produziu um maior efeito sobre as pessoas. Guia-me: Como foi a ideia de lançar o livro O Desafio do Amor - manual que serve de auxílio na restauração do casamento no filme e que se tornou best-seller nos EUA e o mais vendido pela BV Brasil? Cláudio Rodrigues: Quando o filme foi lançado, ele trouxe um resultado muito positivo nos cinemas americanos. Quando o filme terminava no cinema, as pessoas perguntavam: "Como eu posso adquirir o livro que ele está lendo no filme?". Isso despertou a intenção do autor a produzir um livro sobre o tema. Guia-me: Você pode contar o testemunho de um casal que experimentou a restauração de seu casamento após assistir o filme ou ler o livro? Cláudio Rodrigues: Dois testemunhos interessantes. Um é até engraçado. Uma senhora agradeceu pela BV Films ter lançado o filme e disse: "Ontem à noite eu e meu esposo assistimos ao filme. Hoje pela manhã ele me trouxe café na cama". Ela achou tão interessante a atitude dele que sentiu a necessidade de agradecer a alguém e enviou um e-mail para nós. Outro testemunho importante foi um e-mail que eu recebi no dia dos namorados. Na véspera desse dia, a esposa disse ao marido que daria de presente para ele a saída dela de casa. Ela não agüentava mais o marido. Ela disse que iria embora e nunca mais voltaria.   Ela arrumou as malas e foi se despedir do vizinho, muito amigo dela. O marido ainda não tinha chegado em casa. O vizinho ficou surpreso, porque para ele o casal era espetacular, muito amoroso. Ele então pediu um tempo de duas horas para ela. " -Vamos assistir um filme primeiro?". Aí a mulher começou a assistir e o vizinho disse que ela se derramava em lágrimas. Ele e a esposa ficaram até preocupados porque ela soluçava.   Nisso, quase o filme ía terminando, o marido chega. Aí ele viu as malas arrumadas e perguntou o que estava acontecendo. O vizinho então colocou o filme no início para ele e a esposa assistirem.Foi ele quem mandou esse e-mail para gente e disse que foi uma noite espetacular. Contou que o casal ficou até 4h da manhã conversando e chorando. Ela não saiu de casa. Até hoje esse homem comunica-se com a gente. Ele nem diz o nome, só diz que é "o vizinho" e afirma que o casamento deles está bem e que está aplicando o que conhece do Evangelho para ajudar. O filme é um remédio eficaz sobre os problemas matrimoniais. Guia-me: Tanto "Prova de Fogo", quanto outros filmes cristãos, como "O Peregrino" e "Desafiando Gigantes", possuem uma qualidade em termos de audiovisual incrível. Como você analisa essa realidade dos filmes cristãos? Cláudio Rodrigues: Essa qualidade é graças à tecnologia já existente. Hoje com uma simples câmera de mini DV, você pode fazer uma produção maravilhosa e iludir o espectador. Mas neste caso, de Prova de Fogo, você não tem efeitos especiais. São fatos reais do dia-a-dia de um casamento. Já em O Peregrino você encontra alguns efeitos especiais. Eu recebi, por exemplo, uma proposta de um rapaz que quer fazer um filme no Brasil. A febre de "Prova de Fogo", "Desafiando Gigantes" e "A Virada", e o ensinamento desses produtores, tem despertado nas igrejas de todo o mundo o interesse de fazer a sua produção própria. "Prova de Fogo" é uma ficção, mas existem muitos testemunhos bonitos que devem ser aproveitados. A qualidade é tão boa a ponto das grandes empresas cinematográficas como Fox, Columbia e Sony se interessarem pelos filmes evangélicos. Guia-me: O que você pode adiantar dos novos lançamentos da BV? Cláudio Rodrigues: Virá "O Milagre da Cabana", que fala sobre relacionamento de amor ao próximo. Outro será o "Longo Regresso", que trata sobre fidelidade conjugal. Estamos ansiosos pelo lançamento do segundo filme do pessoal de "Prova de Fogo". Isso vai acontecer no início do ano que vem. Guia-me: Qual será a temática desse segundo filme? Cláudio Rodrigues: Eu estive com ele [diretor Alex Kendrick] no mês passado e foi a pergunta que eu fiz e todos estavam querendo saber. Ele manteve segredo. Pelo final de "Prova de Fogo", por aquele perdão que a mãe liberou, eu entendo que eles vão fazer alguma coisa sobre relacionamento entre pai e filho. Eu acho que aquilo é uma pitada para o próximo filme.