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"Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim." – Jo 15.18

15 de outubro de 2009

Bem-aventurados os pobres

pobreza2

Por Daniel Grubba

Os teólogos da prosperidade costumam relacionar pobreza material com maldição. Pobreza é maldição, e por implicação todo pobre é maldito. Um deles chegou a afirmar "a única vez em que as pessoas foram pobres na Bíblia foram quando elas estiveram sob uma maldição" [1].

Para nós que vivemos em uma sociedade que organiza sua economia segundo o sistema capitalista, este discurso não chega a ser nenhuma novidade, posto que apenas os mais fortes se destacam em um mercado de concorrência. Os pobres? Segundo o sistema econômico vigente, são fracos e merecem a pobreza como seu salário; 30 milhões que morrem de fome ao ano porque não são bons suficientes para vencer seu concorrente direto. Quem são estes mortos miseráveis? Segundo a religião do mercado, são os "sacrifícios necessários" para o desenvolvimento e progresso econômico.

É evidente que esta necrófila lógica de mercado e a teologia da prosperidade andam de mãos dadas. Para a primeira pobre é um fraco, para a segunda um maldito. Por isto está na hora de passar a criticar não apenas os pressupostos teológicos desta teologia burguesa, mas sua absoluta desumanidade para com os pobres, oprimidos e miseráveis da terra.

Ouvi, meus amados irmãos. Não escolheu Deus os que são pobres quanto ao mundo para fazê-los ricos na fé e herdeiros do reino que prometeu aos que o amam? Mas vós desonrastes o pobre. Porventura não são os ricos os que vos oprimem e os que vos arrastam aos tribunais? Tiago 2.5-6

Será que existe alguma vantagem em ser pobre? O pobre pode ser considerado um bem-aventurado? O que faz os pobres merecerem a preocupação de Deus? Achei algo interessante no livro de Phillip Yancey [2]. Veja algumas vantagens:

Os pobres sabem que têm necessidade de redenção;

Os pobres reconhecem não apenas sua dependência de Deus e de gente poderosa como também interdependência uns dos outros;

Os pobres depositam sua confiança não nas coisas, mas nas pessoas;

Os pobres não têm um senso exagerado de sua própria importância;

Os pobres esperam pouco da competição e muito da cooperação;

Os pobres conseguem distinguir entre necessidade e luxo;

Os pobres podem esperar, porque adquiriram uma espécie de paciência obstinada;

Os temores dos pobres são mais realistas e menos exagerados;

Quando os pobres ouvem o evangelho, ele soa como boas novas e não como uma ameaça ou repreensão;

Os pobres podem reagir ao apelo do evangelho com certo abandono e com uma inteireza descomplicada porque têm tão pouco a perder e estão prontos para tudo.

Então, levantando ele os olhos para os seus discípulos, dizia: Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o reino de Deus…Mas ai de vós que sois ricos! porque já recebestes a vossa consolação. Lucas 6.20 e 24

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1 – Paulo Romeiro, Supercrentes, p.68
2 – Phillip Yancey, O Jesus que eu nunca conheci, p.122

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