Alan Brizotti
Era mais um daqueles dias que se arrastam lentamente...
Telefone toca:
- Pastor Daniel, às suas ordens!
Pausa. Voz embargada, um tom de desespero
- Pastor! É o Paulo. Preciso de ajuda!
- Paulo? De onde?
- Da sua igreja. Filho da irmã Fátima.
- Ah! Sim. Irmã Fátima (são tantas Fátimas...)
- Pois não, Paulo, posso ajudar?
Mais soluços.
- Pastor, só preciso que o senhor me ouça. Hoje, agora. Não posso esperar mais.
- Paulo, assim, de última hora é muito difícil. Sou um pastor muito ocupado. Tenho uma reunião muito importante com a Convenção. Hoje é impossível. Ligue mais tarde e marque uma hora com a secretária. Terei enorme prazer em atendê-lo.
- Pastor, por favor...
- Paulo, fique em paz! O Senhor é contigo! Teu milagre vai chegar!- Paulo, assim, de última hora é muito difícil. Sou um pastor muito ocupado. Tenho uma reunião muito importante com a Convenção. Hoje é impossível. Ligue mais tarde e marque uma hora com a secretária. Terei enorme prazer em atendê-lo.
- Pastor, por favor...
O telefone emudece...
- Paulo?
Tempo. Sua velocidade depende de que lado do desespero você está.
Algumas horas mais tarde:
Telefone tocando...
- Pastor Daniel, às suas ordens!
Choro, voz embargada, desespero misturado com decepção.
- Pastor, é a irmã Fátima, mãe do Paulo.
- Ele melhorou, irmã?
Um instante...
- Ele não esperou, pastor, ele não conseguiu esperar...
Telefone emudece para sempre...
O galo cantou.
***
Alan Brizotti,
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