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"Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim." – Jo 15.18

20 de fevereiro de 2013

De que tipo de Papa precisamos?


“O trono de São Pedro está vazio”, diz a manchete do jornal O Globo, com seu senso infatigavelmente dramático. Quem vai ocupar esse lugar tão importante e tão emblemático? Por que o Papa Bento 16 renunciou ao papado? Que correntes sinistras correm por baixo dos corredores do Vaticano? E, afinal, o que isso significa para o conceito do papado e da própria Igreja?

Tive a oportunidade de assistir a comentaristas da televisão americana, que protestaram acerca da necessidade de um Papa nascido nos Estados Unidos. Afinal, disseram eles, a Igreja precisa se modernizar e se adequar aos movimentos sociais dos nossos tempos. E que país estaria mais na crista da onda das grandes mudanças sociais do que os próprios EUA?

Outras pessoas, por sua vez, defendem um Papa da América Latina ou da África, em virtude de a esmagadora maioria dos católicos do mundo viverem nos continentes do hemisfério sul. Não faltam jornalistas e articulistas para opinar, cada qual com a sua visão do que a Igreja “precisa” ser ou fazer. Afinal, dizem, “o mundo muda e a Igreja precisa se adequar ao mundo”.

Na minha opinião, o Papa deve ser um cristão. Apenas. Um cristão. Precisa ser alguém que ama Deus e seu Filho, Jesus Cristo. Precisa ser alguém que ama o seu rebanho. Precisa ser alguém que dá mais importância ao que está escrito nas Sagradas Letras do que ao que está escrito nos jornais mundo afora. Precisa estar pronto para sangrar pela Igreja Romana — que não anda bem das pernas e que abriga sob a sua sombra liberais, conservadores, pedófilos, carismáticos, piedosos, agnósticos, verdadeiros santos, verdadeiros farsantes, crentes de verdade, espíritas-católico-romanos, adoradoras de Gaia, frades mendicantes, políticos sagazes, pessoas de oração e silêncio e revolucionários dispostos a empunhar armas. Sim, sob esta denominação, Igreja Católica Apostólica Romana, há de tudo. Há tanto de tudo que muitos evangélicos, provavelmente a grande maioria, creem que seja impossível ser um católico e ainda ser cristão.

Como já falei no meu livro O Fim de Uma Era, uma afirmação categórica como essa nos põe em perigo de pecar contra Deus. Afinal, durante os primeiros 1.500 anos da era cristã a única igreja no mundo era a Católica (se bem que divida entre Roma e Constantinopla). E, além do mais, tenho amigos católicos que conheço como pessoas de real experiência com Deus. Não posso negar essa realidade.

O que mais me chama a atenção é que todos têm opiniões fortes sobre os grandes movimentos ditos cristãos. Todos têm sentimentos fortes a favor ou contra A, B ou C. Mas, poucos têm um olhar para dentro de si tão crítico como têm para fora.

Em vez de perguntar de que tipo de Papa a Igreja precisa, devemos perguntar que tipo de membro a minha igreja precisa que eu seja? Que tipo de pai meus filhos precisam? Que tipo de marido a minha esposa precisa? E que tipo de discípulo Deus quer que eu seja? Todos querem opinar sobre a escalação da seleção brasileira de futebol. Mas poucos calçam um tênis para dar uma corridinha e eliminar aquele pneuzinho que anda crescendo na cintura. Todos querem salvar as baleias. Mas muitos jogam seu lixo à beira da estrada esperando que alguém limpe o meio ambiente. Todos querem que nossos líderes sejam bons governantes – honestos e retos. Mas muitos passam o próximo para trás e transgridem a lei no trânsito se não houver uma fiscalização eletrônica para multá-los — dando cortadas e andando pelo acostamento ao sinal de um engarrafamento.

Qual é o maior problema da igreja? Diga comigo em voz alta: O MAIOR PROBLEMA DA IGREJA SOU EU.

O que acabei de dizer, mesmo não se aplicando a você, certamente se aplica a mim. Sou um pecador salvo somente pela graça de Deus. Mas essa graça precisa ser operante. Preciso fazer por onde, me lançando nas misericórdias de Deus. Pois o que tenho eu com o Papa que será eleito? Isso diz respeito a 120 cardeais em Roma. O que me cabe fazer é cuidar dos meus pés, das minhas mãos, dos meus olhos e dos meus ouvidos. Acima de tudo me cabe cuidar do meu coração. Pois é do coração que depende toda a minha vida.

Na paz,
+W

Fonte: http://www.waltermcalister.com.br/site/de-que-tipo-de-papa-precisamos/

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