A rádio Jovem Pan, conhecida por colocar no ar campanhas polêmicas, lançou na semana passada um editorial contra "novelas do horário nobre".
O texto diz que "a liberdade de expressão passa por desvios escabrosos no mundo moderno". "Enquanto na Venezuela se lacram canais de TV, aqui a disputa de audiência coloca no ar uma libertinagem que agride a família brasileira",diz o editorial, que continua: "a devassidão está escancarada".
A rádio não fala o nome da trama, mas dá exemplos de cenas: "A fidelidade morreu. Em cena de café da manhã, a filha sai do quarto com o namorado e se assenta à mesa, na mais absoluta naturalidade. Ali, na outra cena, amigas planejam outro lance de traição e torpeza."
A novela das oito da Globo, "Viver a Vida", mostra a infidelidade principalmente com Gustavo (Marcello Airoldi) e Betina (Letícia Spiller). E Betina costuma falar com a amiga Ingrid (Natália do Valle) sobre a intenção de trair o marido.Na trama também há namorados que tomam café com a família após dormirem juntos, em especial Miguel (Mateus Solano) e Renata (Bárbara Paz).
Procurada, a Central Globo de Comunicação afirmou que "a novela é uma obra de ficção, que não tem compromisso com a realidade". A emissora defende que "ao recriar livremente situações, problemas e dilemas de nosso dia a dia, a teledramaturgia busca apenas tecer o pano de fundo para histórias que, na verdade, discutem os sentimentos humanos: amor, amizade, compaixão, vaidade, ódio, inveja... Esta é a sua função (social): entreter, permitindo que nos identifiquemos com tramas, personagens etc., estimulando assim a reflexão sobre nossos valores, crenças, atitudes e comportamentos."
A Globo diz ter "convicção de que a abordagem de temas de interesse social nas novelas contribui com a mobilização da sociedade". "Muitas vezes esses assuntos acabam até por ganhar a pauta de veículos de comunicação em todo o país, potencializando o debate e a busca de soluções. São diversos os exemplos do impacto do merchandising social nas novelas."
Fonte: Coluna Outro Canal/ Folha de São Paulo
Um texto interessante não só por tratar-se dum assunto que tem tudo a ver com o Big Brother Brasil (que tem recebido bastante destaque nas discussões da comunidade virtual Dotgospel), mas porque a queixa foi feita por um veículo de comunicação secular, de onde surgiu, por exemplo, o famigerado "Pânico". Mais engraçada ainda é a resposta da Globo. O absurdo é que a Globo nunca se manifesta quando uma igreja ou liderança eclesiástica condena seus podres, mas à Jovem Pan ela responde... Bem democrática ela, não? Não é à toa que tal rede deu grande sustentação à dituadura militar (1964-1985)...
ResponderExcluir