O artigo a seguir é de autoria de Renato Fontes e foi publicado em sete capítulos no Dot Blog (o primeiro está em http://www.dotgospel.com/blog/super-size-gospel ) os mesmos foram reunidos pelo nosso amigo e colaborador do Blog Web Evangelista: Paulo Martins de Oliveira Belo conhecido como SoroKbano.
Resolvi encarar pra valer o desafio de passar uma semana escutando só rádio evangélica, pra
ver os efeitos. Tipo o "Super size me", do Morgan Spurlock, que ficou um mês comendo só no
McDonalds e quase morreu de pressão alta… Segue meu primeiro relatório!
======> Primeiro dia.
Para não ficar numa rádio da Univer$al ou do R R Soares,
preferi a 107.5, que é da Quadrangular (na falta de outra rádio que não pertença a nenhuma
denominação maluca ou gravadora, além de ser a mais ouvida).
Fiquei ouvindo boa parte da manhã. Algumas observações interessantes:
* Notei a predominância do estilo conhecido como "brega". Tanto sertanejão tipo João Paulo e
Daniel como os berros do estilo pentecostal de Cassiane e seus clones.
* Não foi tão ruim quanto o esperado, no que se refere às letras. Não foi nada maravilhoso, é
verdade, mas poderia ter sido pior. Tocaram algumas músicas com referências à cruz de Jesus, a
Ele ser o único caminho e tudo mais, e isso foi legal.
* Notei que não tocaram nem Diante do Trono, nem Cirillo, nem Nívea e nem "Dêivi Dikila".
Interessante, já que é isso que o povo mais escuta.
* Infelizmente, na rádio eles não falam os nomes dos cantores, então não tem como saber…
* Tem muito mais cantoras do que cantores, na proporção aproximada de 3 para 1. Isso não é
nem bom nem ruim, é só uma constatação. O ruim é que a maioria delas é aquele estereótipo de
cantora da Emeká publicitêition, que aparece nos clipes levantando as mãos pra cima e
cantando no estilo berro pentecostal. Haja ouvido!
* Como tem chovido! As poucas canções do estilo "louvor e adoração" que tocaram são daquelas
comunidades que aparentemente nunca lançaram CD e seguiram a moda de gravar alguma
coisa. Detalhe, só se fala na bendita da chuva. É um tal de "Deus faz chover, chove pra lá e pra
cá" que não dá pra entender. A única coisa que se aproveita nessas músicas, na minha opinião,
é o baixo. Os baixistas dessas comunidades geralmente são fera. O resto é aquela mesma lengalenga
que se canta nas igrejas.
* A grande maioria das letras foram centradas no indivíduo, e falam de sofrimento: "se você está
sofrendo, olhe para Jesus, clame e ele te dará a vitória…"
* Por incrível que pareça, alguns dos breganejos que tocaram dão de mil a zero nos "viniardes"
da vida no que se refere à letra (como se viniarde fosse um bom parâmetro!) Teve um que eu
peguei no final que terminava algo como "Ele era Jesus, eu era Barrabás". Parece que era
Barrabás cantando na primeira pessoa. Um breganejo horrível musicalmente, mas com uma
letra que pareceu que era interessante.
* Quando eu estava no trânsito, por volta de meio-dia, entrou o programa de notícias, e fiquei
ouvindo as notícias por cerca de meia hora. Depois tocaram uma canção da Amy Grant ("it's too
late for walking in the middle, please make up your mind etc") do início dos anos 80, a única
canção internacional do dia, e foi quando tive que estacionar o carro e parar de ouvir.
Amanhã dou mais notícias…
======> Segundo dia.
Aqui vai o relatório de mais um dia da saga. Tá começando a
ficar difícil.
Hoje variei um pouco e ouvi também a rádio do R R Soares. Lá pelo menos eles falam quem tá
cantando.
* Continua chovendo muito. Mais uma música (pela voz deve ser a Ludmila Ferber, mas não
tenho certeza) que só fica falando "derrama tua chuva, abre as comportas dos céus, faz chover
etc etc". Ela começa com "nos últimos dias farei derramar….." ou alguma coisa assim. Se alguém
conhecer e puder falar pra nós de quem é isso… Ela é bem rápida, com a bateria tocando uma
batida militar na caixa.
* Hoje tocaram uma que deve ser do Judson Oliveira, já que só falava de perfume, jardim, noiva,
noivo, etc. O que me tirou do sério é um homem cantando "eu vou abrir o meu coração, eu vou
deixar o meu noivo entrar". Tocar isso no rádio??!?!?! Fora de um contexto muito específico, isso
vira apologia ao homossexualismo, bolas! Rádio é escutado por todo mundo, inclusive novos
convertidos que não conhecem esse palavreado codificado que a gente usa.
* Os breganejos continuam com força total, na rádio da Quadrangular. Desta vez as letras foram
piorzinhas. Repetiu-se aqueles chavões como "quebrar as cadeias/correntes/grilhões", "ele vai te
dar a vitória", e até um que não sei de qual Bíblia eles tiraram (deve ser do livro dos mórmons) -
"ele queima toda enfermidade e tira todo mal". Queimar enfermidade? Bolas, eu já vi curar,
agora queimar é o máximo…
* Notei um ponto positivo nos breganejos, eles costumam ter solo de violão legal. Sério. Hoje
teve um que começa com alguma coisa na escala de lá menor harmônico. Eu até peguei o violão
na hora para copiar um "lick" do solo, mas quando consegui pegar o instrumento já tinha
esquecido… Aí já era, entrou a voz na música e estragou tudo.
* Que experiência singular ouvir o R R Soares cantando, em ritmo de country, "eu quero estar
com Cristo quando a luta se travar"… Isso é da Harpa Cristã, não é? Pra quem já ouviu o Sílvio
Santos cantar aquelas musiquinhas de carnaval, é a mesma coisa só que em outro ritmo.
* Não agüento mais ouvir "Draw me close to You" do Michael Smith e suas 23 versões em
português. A música até que não é feia, mas já saturou.
* Mais uma vez o tema "se você está sofrendo clame a Jesus e Ele te dará a vitória" foi a tônica.
Podemos dividir as letras basicamente em 3 grupos, (1) o clame-e-ele-te-dará-a-vitória-equebrará-
as- cadeias, (2) o jardim-do-perfume-do-noivo-quero-o-colinho-do-papai- quero-cheiraros-
teus-cabelos (esse até que não toca muito no rádio não, graças a Deus) e (3) o da chuva-debênçãos-
e-bandejas-de-unção-e- derrama-o-poder. O grupo (1) ganha disparado em tempo no
rádio.
* O "bandejas de unção derramada pelos anjos" não fui eu que inventei não, ouvi isso num
breganejo hoje.
* A pérola do dia, ""quero ver a mão do Senhor tocar em seu viver iê iê…" em ritmo de rodeio,
da dupla "Os gauchinhos", gravadora do R R Soares. Pelo menos teve um solo de guitarra
country interessante.
* Outra pérola que escutei numa música não me lembro qual estilo, "Deus não ouve música, mas
ouve a voz do coração". É verdade. Só que ele esqueceu que, embora Deus realmente não ouça
música (será?), as pessoas ouvem. E são as pessoas e não Deus que cantam na igreja, que
compram CD, que ouvem rádio… Quer cantar só pra Deus? Entre no seu quarto, feche a porta e
cante sozinho. Se quer gravar CD, cante direito, com arte e competência técnica, porque não é
só Deus que vai ouvir. É a cultura do medíocre que entrou de vez nas igrejas.
* Quase não acreditei quando ouvi isso: "quem quer alcançar o favor do rei, toque na ponta do
altar". Do "ministério a pá sentar". Oloko, que língua esse cara tá falando? A letra é sem pé nem
cabeça, tipo "quem quiser fogo que traga a arca, quem quiser vida que suba na cruz (???), quem
quiser o favor do rei que toque na ponta do altar…" Onde nós vamos parar? Ao contrário do que
falei anteontem, nessa o baixo passou em branco, o que se destacou foi o solo de guitarra
maneiro.
* O Carlinhos Félix mergulhou na onda louvor/adoração e tá gravando música da Darlene Zchech
agora. "Junto a Ti, teu amor me envolve etc".
* Ah, já ia me esquecendo, dia 30 é o dia da reparação das perdas na Igreja Internacional da
Graça de Deus (do R R Soares), com óleo da multiplicação e tudo. Se você perdeu uma semana
ouvindo rádio evangélica e se privando de boa música, compareça lá que você será restituído 7
vezes mais!
Se eu resistir mais um dia, mando outro relatório amanhã!
======> Terceiro dia.
Hoje foi o dia das "pregações", que até então não tinha tido a
chance de ouvir. De manhã, por volta das 7 horas, na rádio da Quadrangular, um pastor cujo
nome já me esqueci pregava, sem citar a referência bíblica, sobre um texto escondidinho lá em II
Samuel 23:11-12, sobre um dos valentes de Davi que venceu os filisteus que roubavam as
lentilhas dos israelitas (ele nem mencionou que era um dos valentes da Davi, só citou a
passagem assim, sem referência e sem contexto). Daí fez a aplicação imediata do texto: "e você,
vai deixar o diabo roubar suas bênçãos (lentilhas)? Venha para a campanha contra os sete
espíritos mais perigosos do inferno." E continuou, explicando que os espíritos mais perigosos são
o de miséria, o de enfermidade, o de confusão…. Ou seja, se o cara é miserável não é porque é
preguiçoso, é por culpa do espírito de miséria (não estou dizendo que todo mundo que é
miserável é por preguiça, não me entendam mal!!!). Só fico imaginando o que teria acontecido
com o "espírito de porco"…
Por volta das nove da manhã, veio o testemunho de uma ouvinte que era estéril mas conseguiu
engravidar por que "determinou para Deus" que o neném estaria na sua barriga, conforme lhe
havia instruído o locutor um ano atrás. Mas como Deus é misericordioso, atendeu o desejo dela
mesmo ela dando ordem pra Ele! Seguiu-se a canção "A cura", cantada pela Cassiane. "A cura
vai chegar, não há como impedir", ou coisa parecida. O mais legal é que essa música fala sobre
uma suposta "nuvem de unção", o que quer que isso signifique.
Ah, esqueci de dizer, hoje ouvi pela primeira vez uma canção genuinamente brasileira, aliás
duas, cedinho antes da tal pregação. Era um forró nordestino com triângulo e tudo, seguido de
um breganejo acompanhado por sanfona (desta vez bem diferente do country de corno
americano). Os dois tinham a letra caracteristicamente pentecostal, dizendo algo como "o seu
fogo é tremendo, nem um bombeiro querendo consegue apagar" (perdoem minha memória, as
palavras podem não ser exatamente iguais). Tá feia a coisa. Pentecostal só fala de fogo e
neopentecostal só fala de chuva. Deve ser por isso que o tal avivamento não vem, a chuva
apaga o fogo…
Já na rádio do R R Soares, veio o ponto alto do dia, a "oração do meio-dia com o consagrado
homem de Deus ministro Camilo". Ele começou, com aquela voz estereotipada de pastor de TV,
"coloque um copo d'água sobre seu rádio para receber a energia positiva…". Foi difícil de
acreditar, mas ele disse isso mesmo. Até suspeitei que fosse delírio meu, depois de quatro dias
ouvindo rádio evangélica, mas não, eu tenho uma testemunha. Ele falou isso mesmo. E foi mais
longe, "nesta sexta eu estarei realizando [sic] a maior campanha espiritual do Brasil e do mundo,
a campanha da defesa espiritual, na qual você receberá o bracelete da defesa espiritual com um
versículo bíblico"… Fico imaginando o que o pessoal da "campanha contra os sete espíritos mais
perigosos do inferno" pensaria disso! Ah, eles fecharam a "oração do meio-dia" dizendo "venha
para a campanha da defesa espiritual com o *mestre* Camilo". Uai, além de pastor ele ensina
capoeira?
Quanto à parte musical, foram uns 3 breganejos, um rock estilo Resgate/Oficina/Fruto (antes de
um breganejo), uma da Cassiane e três no estilo congregacional. Aí é que vem a parte legal. A
primeira congregacional tem aquela letra no estilo triunfalista, tipo "agora com Jesus eu sou um
super-homem, nada pode me impedir/derrotar/deter, nem a criptonita do inimigo, sou imbatível,
bla bla bla". Já a segunda foi, pela primeira vez, uma música legal nesses quatro dias. Sério, o
locutor falou no fim o nome do grupo, chamava-se banda "Nefet" (Nephet? Será que ele não quis
dizer "nephesh", que é "alma" em hebraico?) Bom, a música me deu aquela sensação de "nem
tudo está perdido". A letra era meio nada-de-mais, tipo "Cristo sou seu amigo, estou contigo nos
lugares celestiais", alguém aí conhece?? A música tinha uma progressão de acordes bacana,
cheia de sétimas maiores (quem me conhece sabe que eu adoro sétimas maiores!), com um
acompanhamento maneiro de guitarra e metais, e um solo de percussão no meio super bacana.
Deu vontade de comprar o CD deles, se alguém puder me indicar se é bom o resto ou se foi só
essa… A terceira congregacional foi a prosaica "Rompendo em fé", e aí tive que estacionar e
parar de ouvir.
Só uma observação, notei nestes dias como o equilíbrio é importante. Essas canções
pentecostais do tipo "está sofrendo não desanime clame a Deus e Ele te dará a vitória e
quebrará os grilhões" não são heresia, são verdade, mas quem ouve deve achar que crente só
sabe sofrer. Por outro lado, as que dizem "em Jesus estou nos lugares celestiais e nada pode me
derrotar" também não são heresia, mas o problema é que isso leva para o triunfalismo muito
facilmente. Uma coisa tem que ser equilibrada com a outra. E não é isso que tenho percebido,
sinceramente. O mesmo artista geralmente só escolhe um estilo ou o outro…
Lutando para manter a sanidade e sofrendo com a crise de abstinência de música…
======> Quarto dia.
Para a decepção dos fãs, hoje não deu tempo de escutar quase
nada. Vou ver se tiro o atraso de noite e dou um relatório maior amanhã…
* Descobri que o Conrado se converteu, e pelo visto a Sorvetão também. Ele continua cantando
brega do mesmo jeito.
* Hoje tocaram uma música no estilo Cirillo/Deividikila, mas não sei se é deles. Um roquinho
estilo britânico com batida 2/4, metrônomo a 120 (meu metrônomo mede isso). Uma letra bem
clichê, tipo "quando estou em tua presença me dá vontade de cantar, me dá vontade de pular,
me dá vontade de dançar……" Nos EUA hoje em dia só se canta isso em boa parte das igrejas,
acho que foi a moda do Delirious e do Viniarde que ficou mais popular que o Hosanna e o
Maranatha. Semelhante ao que aconteceu no tempo dos Beatles, a música britânica passou a
influenciar os americanos demais, e conseqüentemente nós aqui também.
* Mais uma vez, dá-lhe estilo cantora pentecostal, desta vez menos berrada do que o estilo
Cassiane, agora mais para Alda Célia (não sei se tocou alguma coisa dela, a rádio não diz quem
está cantando!)
* Na hora das notícias, acabei mudando de estação e colocando na rádio do R R Soares. Só deu
tempo de ouvir duas canções, uma meio "dance" (o famoso "putz-putz", só que mais pra anos
70) falando qualquer coisa do tipo "glórias ao Espírito de Deus". A voz do cara fez doer meus
ouvidos. A outra era um rock tipo Resgate, falando sobre 5 pães e 2 peixinhos. A letra era até
interessante, mas esse estilo definitivamente não me apetece.
* Apesar de realmente as rádios evangélicas privilegiarem o que é produzido no Brasil e não
tocarem quase nada de gringo (no passado elas já tocaram com mais freqüência Sandy Patti,
Amy Grant e Petra), percebe-se nitidamente que nada é em estilo genuinamente brasileiro. Até
os breganejos são parecidos com os countries de corno dos americanos (Willie Nelson etc). Os
berros estilo Cassiane tentam (eu disse tentam!) imitar as cantoras negras de igrejas
americanas, só que não passam nem perto. Os de louvor/adoração hoje em dia é tudo pop-rock,
mais especificamente a vertente britânica, geralmente em tons mais fáceis para tocar em violão,
a saber, mi e sol (notei que o Deividikila só toca em sol). Ainda existe o tabu de que tudo que
tem percussão que não seja bateria (instrumento americano) é do diabo. Se bem que tá
melhorando, uns anos atrás até bateria não era bem vista.
* Mais um dia e não tocaram Diante do Trono. Interessante, aqui em BH tem uns 30 mil membros
da Lagoinha, fora as "franquias" (na verdade, clones mesmo). Será que é porque eles não
pagam jabá? é a pergunta que não quer calar. Bom, talvez eu tenha que ouvir por mais tempo
pra saber se não tocam mesmo ou se foi coincidência. Ou às vezes é porque a rádio é da
Quadrangular, e eles não devem gostar de concorrência. Vai saber…
* VPC, João Alexandre, Logos? Eles não devem nem saber o que é isso.
* Os primeiros sintomas da síndrome de abstinência de boa música já começaram a se
manifestar. Até quando pego o violão eu me propus a fazer apenas exercícios técnicos (tocar
escalas e cromatismos para exercitar os dedos) ou improvisar em cima das músicas do rádio.
Se eu resistir, amanhã mando mais um relatório.
======> Quinto dia.
Os sinais de insanidade já começam a se manifestar. Já estou
falando o idioma fluentemente (ou quase): "há uma unção neste lugar… quero mergulhar nessas
águas, nadar no rio de unção, que traz restauração para todo o meu interior…." Pegue essas
palavras, troque a ordem, repita algumas vezes, coloque uma cantora com voz bem forte
cantando, e você já fez um quarto da programação de uma rádio evangélica. Eu sei que isso não
é heresia, que Jesus falou mesmo que rios de água viva fluiriam do nosso interior, a Bíblia fala o
tempo todo de cura, libertação, restauração, etc, inclusive usando a metáfora do óleo que sara
feridas, mas o problema é que a falta de criatividade tá cada vez pior. Quando um termo cai na
moda, já era.
A coisa tá ficando pior ainda, já que depois de alguns dias estou ouvindo mais de uma vez a
mesma música, e a conseqüência inevitável é que a gente fica com a canção na cabeça o resto
do dia. É de doer…
Outras observações:
* Vamos começar pelo lado bom. Depois do besteirol que escutei ontem de manhã, ontem de
noite já vi que nem tudo está perdido. Liguei o rádio depois de 10 da noite na estação da
Quadrangular e o locutor contou aquele história supostamente real da mulher racista no vôo da
British Airways (essa história já circula faz anos na internet. Se alguém quiser ler, veja em
www.quatrocantos.com/lendas/141_preconceito.htm). Seguiu-se uma longa mensagem sobre
preconceito, acepção de pessoas, racismo, desprezo aos pobres, etc etc etc, coisa que não se
prega nas igrejas hoje em dia. Depois, no horário do comercial, estragaram tudo com uma
propaganda da "campanha contra os sete espíritos mais poderosos (e não perigosos, como eu
disse ontem) do inferno", segundo eles "a maior campanha de libertação de Minas Gerais". Só
não deixe aquele cara da outra campanha que falei ontem (o tal do "Mestre Camilo" saber
disso…). Lá pelas 11 da noite, veio mais um alívio, um pastor de uma outra denominação (algo
como "Comunidade Cristã Pão da Vida", não lembro direito) fez uma longa exposição do
Evangelho, citando Moisés e os Salmos e finalmente o Novo Testamento. Uma pregação de uns
40 minutos que expôs o Evangelho sem rodeios e penduricalhos, que deixou ao mesmo tempo
alegre pelo teor da pregação e triste porque ninguém passa isso nos horários de maior
audiência… Mas a mensagem foi tão boa (sério, sem ironia!) que, no fim, eu já estava quase
levantando minha mão e falando "eu aceito!" hehehe
* Ontem ouvi a "parada de sucessos" da rádio do R R Soares. Tocaram, não necessariamente
nesta ordem, um clone do Marcos Witt (Marcos González), "Agnus Dei" do Michael Smith, uma
cantora estilo Ludmila Ferber (se não for a própria) cantando sobre "mergulhar-nas-águas-derestauração-
bla-bla-bla" e o Carlinhos Félix mais uma vez cantando "Senhor eis-me aqui" (pelo
menos o arranjo dele foi melhor que o da Darlene Zchech).
* Hoje fui ouvir mais um pouco de manhã, mas liguei o rádio e foram uns 10 minutos de
propaganda (sem exagero, se bobear foi mais tempo ainda!), até que desisti e fui fazer outra
coisa.
* Por falar em propaganda, deu vontade de comer um mês só no McDonalds, pra ficar bem
gordinho e poder assim experimentar o "Dieta Fácil", que eles dizem ser a oitava maravilha do
mundo e que ocupa boa parte do horário publicitário na rádio da Quadrangular. Mas aí eu fiquei
na dúvida, porque depois eles fizeram propaganda do "Magrins". Já que o "Dieta fácil" é tão bom,
por que eu precisaria usar outro produto? Acho que estão querendo me engalobar…
* A rádio, em parceria com uma livraria evangélica bem conhecida em BH, sorteou para um
ouvinte um Microsystem e mais dez CDs: Diante do Trono, André Valadão, Alda Célia, Cassiane,
Soraya Moraes, Aline Barros e mais uns outros que não me lembro. Engraçado, a igreja brasileira
cuspiu mesmo no prato em que comeu. Todo mundo se esqueceu do VPC, do Bomilcar, do Carlos
Sider, do Aristeu, do Jorge (Camargo e o Rehder), do Guilherme Kerr e até do João Alexandre.
Olha que estou falando dos pioneiros, aqueles que graças a eles a gente pode ter uma bateria
na igreja hoje. Se eu fosse falar dos independentes e outros que estão começando agora… Já
ouviram falar no Márcio Cardoso, na Gláucia Carvalho, no Josimar Bianchi, no Silvestre Kuhlman,
no Carlinhos Veiga? Pois é…
* Não tocaram Diante do Trono até hoje, mas hoje tocaram André Valadão na rádio do R R Soares
(a propósito, a rádio se chama "Nossa Rádio").
* Talvez ainda dê tempo de participar da promoção da Nossa Rádio - o prêmio sensacional é um
livro do Kenneth Hagin!! (pra quem não conhece, o papa da teologia da confissão positiva)
* Ontem ouvi dois forrós na Nossa Rádio. Um era genuinamente nordestino: "se Deus
détérminou, está détérminado etc", falando que se Deus decretou, se Deus disse, se Ele falou
que você tá curado, que você tá abençoado, etc, ninguém revoga. O outro forró já era o que
chamam de "forró universitário", ou seja, coisa de gente do Sudeste que faz música imitação de
forró pra tocar em baile de estudante e em boates. Esse outro falava "se o inimigo fechou a
porta, o anjo tem a chave e vai abrir a porta" (isso mesmo, rimou "porta" com "porta". Genial!)
* Hoje tive que ouvir de novo a pérola "eu vou abrir o meu coração/eu vou deixar o meu noivo
entrar"… Pelo menos ela tem um solo de guitarra bem legal.
* Acabei escutando mais uma pérola do tal do "A pá sentar de Nova Iguaçu". Desta vez a
aberração foi "restitui, eu quero de volta o que é meu". Bolas, imagine Jó recebendo a notícia de
que perdera tudo, e dizendo uma frase dessas pra Deus… A única coisa que é genuinamente
seu, cara pálida, é o fogo do inferno. Essa é a única coisa que você e eu realmente merecemos.
O que vier é lucro. Deus só não me manda pra lá por misericórdia, porque é isso que meu
pecado me fez merecer. Parece que os cariocas estão querendo se superar. Primeiro é a turma
de Nilópolis, agora é Nova Iguaçu… Quem será o próximo?
* Mais uma da dupla sertaneja "Os gauchinhos" da "Graça Music" (gravadora do R R Soares):
"Com Deus na sua vida é vencer ou vencer". Notei também que em boa parte das canções a
palavra "vitória" e seus derivados aparece o tempo todo. Deviam tocar a musiquinha do Ayrton
Senna (Tema da Vitória) em rádio evangélica também, acho que ia dar audiência…
* Ontem, depois que acabou aquela mensagem maravilhosa que falei acima, começaram a tocar
a vigésima quinta versão em português do "Draw me close to You" do Michael Smith. Não
agüentei e fui dormir.
Tá difícil. São só mais dois dias, mas já está muito difícil de agüentar. Não sei se rio, se choro, se
pulo do meio-fio, se mergulho nas águas de restauração, se compro o "Dieta fácil" mesmo sem
precisar……
======> Sexto dia.
O que me anima é que já está quase acabando.
· Ontem ouvi mais uma vez a sensacional "Parada de Sucessos" da "Nossa Rádio" (do RR
Soares). Imaginem o que é enfrentar o estressante trânsito de uma grande cidade ouvindo isso…
<ironia>Pelo visto a gravadora dele, a Graça Music, vai muito bem, já que os três primeiros
colocados eram daquela gravadora!!</ironia> Destaque para a Sandrinha, com "Rios de unção"
– "eu vou mergulhar em suas águas etc" e para a versão rodeio do "eu quero ver a mão do
Senhor tocar em seu viver", da dupla sertaneja "Os gauchinhos". Bom, eu não posso ouvir outra
coisa que não rádio evangélica, mas posso mudar para outra estação evangélica, e foi o que fiz,
colocando na rádio da Quadrangular. Adivinhem o que estava tocando? Diante do Trono! Pelo
visto minha teoria de que eles não tocam no rádio porque não pagam jabá "caiu por terra"
(viram, já estou fluente no evangeliquês!!) Depois disso, fui salvo pela "Voz do Brasil" e desliguei
o rádio. · Descobri também que no meu relatório de dois dias atrás a música que falava de
"Chuva" era a "Chuva de avivamento", da Alda Célia. "Abundante chuva! chuva! Derrama sobre
nós esta chuva Abre as comportas dos céus, Senhor Faz chover…" Puxa, quanta criatividade de
quem compôs isso! · Aliás, continua chovendo… Olhem só a que tocou ontem com o PG
cantando: "Chuva, quero chuva/Tua chuva sobre mim/Chuva, quero chuva/Tua chuva de unção
sobre mim/Faz chover, faz chover/Abre as comportas do céu" – detalhe, essa é a letra completa
da música. Quem copiou de quem?? · Minha constatação no primeiro dia de que não se tocava
tanto louvor e adoração pelo visto não foi correta. Foi só escutar no horário de 9 da noite, que na
rádio da Quadrangular era só esse estilo, bem como hoje cedo (entre 7:30 e 8 da manhã).
Destaque para "Ele vem e ele vem saltando pelos montes", "Jardim secreto da adoração" (Alda
Célia) – "Eu já me perfumei com o óleo da unção/Já me adornei com as vestes reais do louvor/Por
ti desfaleço de amor" (essa letra devia ser proibida para menores de 18 anos!), "Senhor te
quero", do Viniarde míusique BraZil (argghhhhhh!!! Eu achava que pelo menos dessa eu tava
livre, ai ai ai!). · E é um tal de "move as águas" e "toca nas águas" que eu não entendo. Deve ser
a água da chuva que tem sido abundante! Desse jeito, o fogo dos pentecostais não vem!! Tem
uma assim "move as águas senhor,move as água/vou mergulhar,vou restaurar a minha vida", da
Comunidade Cristã de Goiânia, naquele estilo em que o "líder/dirigente de louvor" fica berrando
no meio da música e mais falando do que cantando, e também uma da Lauriete que é assim:
"Toca nas águas meu irmão, toca nas águas (…)E pela fé tua vitória hoje vai chegar, em nome de
Jesus." Engraçado, antigamente se dizia "se Deus quiser", mas hoje os crentes já decretam "vai
acontecer em nome de Jesus" (tá implícito aí um "queira Deus ou não, não faz diferença…" ·
Ontem à noite tocaram uma que deve ser do Marcos Witt, em ritmo caribenho, em espanhol, que
gostei muito. Pelo menos uma… · Pela primeira vez tocaram o Voices… · Mais cantoras no
estereótipo Emeká (nem todas são dessa gravadora, mas o estereótipo é o mesmo): Lydia
Moisés ("Sou protegida…"), Eyshila, Jossana Glessa, fora outras. Aliás, tenho uma teoria que
divide essas cantoras em dois grupos, o pentecostal e o neopentecostal. Infelizmente existe
aquele estigma que pentecostal tem que ser pobre, então quem é pobre metido a rico não
aceita o rótulo de pentecostal e se intitula "neopentecostal". Pobre que não se importa de
assumir que é pobre é pentecostal mesmo. Quem é rico mesmo não tá nem aí pra isso. Pois
bem, tem as cantoras pentecostais, que berram e falam de poder, de fogo etc. O ícone delas é a
Cassiane. Já as neopentecostais falam de água, chuva, unção e restauração. O ícone delas é a
Alda Célia. Geralmente berram menos. Mas ambas fazem clipes em que aparecem levantando as
mãos. Aliás de pobre a Cassiane não deve ter nada, já vendeu milhões de cópias! · Mais
breganejo… Mas já estou até acostumado. · Confesso que hoje não consegui ouvir pela
centésima segunda vez mais uma versão do "Draw me close to You" e desliguei o rádio… Não
deu, fraquejei, perdoem-me! · Mais uma pregação vazia seguida da campanha contra os sete
piores espíritos do inferno, com o pastor Jerônimo Onofre da Silveira, na rádio da Quadrangular.
Ele pregou sobre a viúva ajudada por Eliseu, que segundo ele estava endividada de manhã e de
tarde já era a maior empresária do ramo de azeite da sua cidade. Ele assegurou que o ouvinte
em situação parecida iria melhorar sua condição até o fim do dia. Fico pensando se um ouvinte
mais simples, am aperto financeiro, escuta isso, chega no fim do dia, ele tá pobre do mesmo
jeito, se ele não vai querer culpar a Deus pela baboseira de um pastor… Segundo eles, os sete
piores espíritos do inferno são o de confusão, o de perturbação, o de miséria, o de enfermidade,
o de injustiça e mais duas legiões, uma que traz a presença do capeta e outra que causa
derrota… · As músicas de louvor/adoração estão cada vez mais sem criatividade. É um tal de
"Meu prazer é estar prostrado diante de Ti na tua presença etc". É só juntar meia dúzia de
palavras assim, mudar a ordem, tocar em dois ou três acordes maiores que qualquer um lança
um CD de adoração. Aliás, esse negócio de "meu prazer é isso" me soa meio hedonista…
Tá complicado. Será que eu resisto até amanhã??
======> Sétimo dia.
Nem acredito, consegui resistir bravamente. Resta-me agora um
longo período de recuperação pela frente…
Obrigado a todos que me prestigiaram com sua audiência virtual. Com alguém disse, o Super
Size Cóspeu alcançou a marca história de 45 pontos no Ibope!!
Vamos lá. Ultimo dia da saga. Como eu comecei segunda dia 27 de manhã, fui até o domingo dia
3 de noite, daí minha demora em dar o sétimo e último relatório.
Vamos então às observações:
* Ouvi uma pregação de uns 20 minutos falando sobre o espiritismo, que não acrescentou nada.
* Desta vez foi só a rádio da Quadrangular. A rádio do R R Soares ficou de lado desta vez.
* Tive que ouvir mais duas vezes a tal da "chuva de avivamento". Agora essa porcaria não me
sai mais da cabeça nem com cirurgia no cérebro…
* Fizeram a propaganda mas não tocaram inteira (ainda bem) mais uma canção falando de
chuva, de uma tal de Pâmela, da Emeká.
* Tocaram uma do Kleber Lucas pela primeira vez (o ritmo dela, meio quebrado, é até legal). O
locutor anunciou, "antes você ouviu Voices, 'Pisa no inimigo'". Puxa, nem acredito que eu perdi
essa pérola…
* Tocaram de novo uma do Diante do Trono, das mais recentes, mas que eu não consigo lembrar
o nome. Ela tem um solo de percussão bacana no final. É um restinho de esperança que eles
fiquem um pouco mais com a cara do Brasil…
* Tocaram uma canção de letra clichê (levante suas mãos e exalte ao Senhor), que não falaram
quem canta, que tem os acordes flamencos, solo de violão flamenco, mas uma batida de techno
que destruiu a música. Por falar em mistura exótica…
* Tive que aturar mais uma vez "Senhor te quero", do viniarde, mas desta vez cantada em inglês
("In the secret") pelo Sonic Flood. Para quem já não gostava dela no arranjo "normal", foi um
tratamento de canal.
* Eu já estava aliviado, pensando que pelo menos "Eu quero é Deus" eu não tinha sido obrigado
a ouvir. Pois eis que senão quando, adivinhem o que eles tocam domingo de noite?? Ninguém
merece!! Vou poupar vocês de ouvir meus comentários sobre essa "música" e sobre essa "letra".
Vou comentar pelo menos um lado bom, a exemplo do que falei no primeiro dia, o baixista
mandou ver. Pelo menos isso se aproveita.
* Pontos positivos (acreditem, houve!): Tocaram o clássico "Oh happy day" (mas não disseram
quem cantava), num arranjo bem maneiro. Tocaram uma música inspirada no filho pródigo, que
o locutor disse que a cantora era "Aline Santana", se não me engano. A letra começa assim: "Eu
tão longe andei meu caminho escuro se tornou/Perdido e sem forças me senti/Eu não pude ver
que ao meu lado sempre estava alguém/Tentando meu ajudar a prosseguir". Uma letra bem
legal, que hoje infelizmente é mais exceção do que regra. Tocaram também duas músicas legais,
uma da Jeane Mascarenhas (não conheço a cantora) e outra da Jamile (essa última no estilo
"disco" anos 70). Aliás, uma vez vi a Jamile na TV imitando a Whitney Houston, igualzinha… Essa
que tocaram dela é menos "comercial" que as outras que ela canta.
* Pela primeira vez tocaram o Legião Urbana. Quer dizer, o Catedral. Se não fosse rádio
evangélica, eu pensaria que era o Legião.
* Foi o dia que mais tocaram músicas estrangeiras. Lembrei-me também da "You're my God", da
Jaci Velasquez.
* Para fechar com chave de ouro, mais duas versões da "Draw me close to You". Desta vez
consegui resistir até o fim e escutar tudo. Outra que não sai mais da cabeça. Tá revezando com a
chuva do avivamento…
Observações gerais agora, sobre os sete dias:
* Realmente a proporção de cantoras é maior que a de cantores, mas não tão alta quanto
constatei no primeiro dia.
* Chuva, chuva, chuva…
* Só se faz rádio evangélica para pentecostal e neopentecostal. Nada pessoal contra esses
irmãos, mas acaba existindo uma discriminação contra quem não se encaixa nesses rótulos, que
tem que se virar e comprar CD mesmo, ou então que ouça as notícias da CBN ou outra rádio.
* O estilo "brega" é campeão disparado. Falta um pouco de noção de quem faz a programação.
Tocam um rock e um breganejo colados um no outro. Constatei isso várias vezes.
* Chuva, tem chovido, manda mais chuva…
* O Diante do Trono tem muito menos representatividade no rádio do que seria de se imaginar, a
julgar pela quantidade de discos que eles vendem. Quem não gosta deles, fique sabendo que
existe coisa muuuuuuuuito pior.
* Não ouvi nenhuma do Cirillo e só uma que talvez seja do Deividikila, mas não tenho certeza.
São outros que, pela quantidade de discos que vendem, seria de se esperar que tivessem mais
representatividade no rádio.
* As gravadoras que têm ca$calho, cujos nomes não vou citar (Emecá, Graça Míusique, Line
Records, etc) tocam o tempo todo, inclusive com propagandas de seus artistas.
* Chove chuva, chove sem parar…
* O uso excessivo de metáforas como águas, quebrar os grilhões, jardim do noivo e outras coisas
pra lá de etéreas.
* Doutrinas centrais do Cristianismo, como a cruz e a salvação tiveram muito menos
representatividade do que coisas acessórias como poder, unção, avivamento, etc.
* Tirando a canção que lembra remotamente o filho pródigo, não se canta mais nada sobre as
parábolas de Jesus.
* As pregações são muito mais voltadas para o bem-estar material do que espiritual do
indivíduo, com poucas exceções. As tais "campanhas" e "correntes" das igrejas neopentecostais
e pentecostais continuam fazendo o maior sucesso.
* E como tem chovido…
* Várias vezes tentei salientar o lado positivo das músicas, notadamente os instrumentistas. E
realmente foram muitas levadas de baixo, muitos solos de violão ou guitarra, solos de percussão
e vozes bonitas que apareceram. Pena que isso não se traduz em melodias belas e, quando isso
acontece, as letras são muito superficiais, quando não são baboseiras mesmo. Os bons músicos
(que são muitos!) estão subaproveitados. Não sei se, por eu ser músico e conseqüentemente ter
uma percepção musical mais aguçada que o cidadão comum, isso influencia tanto…
* Mais chuva…
* Repito que a música evangélica brasileira cuspiu, aliás, vomitou no prato em que comeu. Deu
uma banana para seus pioneiros.
* As rádios não tocam produções independentes. Sem chance.
* Não cheguei a ouvir a terceira rádio evangélica de BH, que é da Univer$al, talvez porque
distorcesse muito o universo amostral do estudo, principalmente no teor das pregações.
* Meu período de recuperação começou escutando o "Eram Doze", do quarteto Guilherme Kerr,
João Alexandre, Jorge Rehder e Jorge Camargo, com participações de outros músicos talentosos
nos arranjos. Pretendo ouvir outras coisas do mesmo nível, e voltar a tocar meu repertório, já
que estava só exercitando improviso e técnica.
* Eu sobrevivi. Nem acredito. Ao que tudo indica, minha sanidade também sobreviveu. Existe
vida após uma experiência como essa.
* Meus agradecimentos à minha querida esposa Miriam, que agüentou essa barra junto comigo!
* E tem chovido!!!
Embora minhas preferências musicais sejam bem mais restritas que as do Renato Fontes (gosto de música sacra tradicional, especialmente os hinos de coral e de conjuntos masculinos, além de alguma coisa no estilo Vencedores por Cristo), concordo com ele quando ele diz que quase todas as músicas executadas nas rádios evangélicas - detalhe: muitas dessas rádios ainda são PIRATAS - são voltadas para os pentecostais/neopentecostais. Não existe mais nada presbiteriano, batista, metodista... E quando existe é seguindo a onda descrita pelo Renato.
ResponderExcluirParece que as gravadoras do gênero gospel só aceitam gravar atualmente aquilo que lhes convém, aquilo que possa trazer retornos em forma de CDs e DVDs vendidos e (claro) muito, muito dinheiro. E as rádios, por sua vez, só tocam aquilo que dá audiência. Corais e conjuntos masculinos já não dão mais audiência nem em rádios adventistas...
O jeito é garimpar os sebos discográficos cristãos, ir atrás de colecionadores de LPs e procurar em páginas que vendam material de qualidade, como a dos Vencedores por Cristo. Porque as rádios... Deve ser por isso que não tenho mais escutado rádio nenhuma.
Hahahha... Muito bom o texto!
ResponderExcluirÉ verdade e é uma pena que a música evangélica no Brasil siga uma tendência e que esta seja sempre antropocêntrica.
esse comentário é direcionado ao autor do texto...
ResponderExcluir..péssimo texto, extremamente desrespeitoso com os irmãos que cantam, pra DEUS ou não!!..
Eu acho o seguinte, se tranca no quarto com um violão e um pandeiro e faz a música que você gosta então!!!.. aí você aproveita, ora a DEUS e pede pra ele te curar emocionalmente e preencher esse vazio dentro do seu ser...
Irmao, parabens!!! o seu texto foi fantastico, o intuito da sua pesquisa tambem... eu suponho que vc nao seja exatamente pentecostal para ter metido tanto o pau assim, mas mesmo assim, a sua análise(fora tantas criticas) foi mto interessante... realmente nao tocam os "antigos" da musica evangelica, coincidencia tambem, né? os tres primeiros do top da igreja do RR serem deles kkk.. eu espero que vc louve tao bem quanto critica... ah! tambem gostei do comentario sobre deixar o noivo entrar... realmente quem nao conhece a Biblia nao entende... onde vc mora SO tinha essas tres radios? ou vc so quis criticar as pentecostais? mesmo assim, eu gostei da analise
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