Quem não se assustou lá por meados dos anos 90, quando surgiu uma entrevista na mídia, falando sobre as declarações escandalosas do vocalista Kim, da banda gospel Catedral afirmando de forma taxativa a falência do mercado “gospel” evangélico e fechando com chave de ouro com a declaração "A Igreja é uma merda"!
Na época, lembro-me que tal declaração causou-me uma revolta enorme, pois de certa forma senti-me ferido em relação à bandeira da religião que com fervor todos os dias eu carregava. lembro-me que procurei com todas as minhas forças tentar entender porque uma pessoa com tamanho reconhecimento e projeção como vocal de uma banda gospel de sucesso, faria tal afirmação, coisa que com certeza manchava toda sua história e caminhada dentro deste contexto. Logo por minha ignorância e inexperiência preferi como a maioria excluir as canções, e não mais ouvir as musicas da banda, por considerá-las impuras para minha vida supostamente sagrada e evangélica.
Há poucos dias vi uma matéria num site de uma gravadora que representa a banda, onde falavam da vitoria dos mesmos referente a um processo contra um entrevistador, por distorcer as palavras da “banda” causando um grande desconforto com publico ao qual eles por anos se utilizaram. Na verdade, ao ler esta matéria, logo fui povoado em minha mente por aqueles velhos questionamentos, lembranças e dúvidas sobre minhas percepções, em um passado distante que vinha a se por em confronto com os meus ideais no presente. Talvez tal situação fosse um desabafo, ou uma revolta por anos convivendo com situações de sordidez maquiada com aparência de nobreza, mas o fato, a que quero me referir neste texto é a interminável e potente pergunta causada por tal declaração; a “Igreja” seria mesmo uma merda?
É incrível, como nós passamos por processos de transformação em nossa existência. O que mais me assusta hoje ao analisar-me diante de tal declaração, é que algo que anos atrás me causou tanta repulsa possa hoje me agradar, causando em mim grande simpatia. Realmente me assusta a forma como distorcemos os princípios mais nobres, deterioramos a pureza do significado do que é “ser” igreja, com isso reduzindo tudo mediocremente a métodos, doutrinas, formas e visões pessoais de vida, em suma: “Un tas de merde”.
Seriamente me questiono se tal momento na vida do vocalista não foi apenas um acesso de fúria, ou talvez um daqueles poucos momentos que alguns se permitem na vida, o de apenas “ser verdadeiro”. É bem certo que no contexto religioso, são raras as vezes que temos oportunidade de sermos sinceros e expressarmos nossa indignação, com algo que mova nosso intimo em revolta, e estou seguro de que tais momentos pecaminosos não são seguidos de depuradas declarações ou palavras adequadas.
Bendito será o dia, que permitiremos nos desvestir das vestes de ignorância que nos aprisionam em estado de cegueira, e termos a simplicidade de declarar nosso sentimento de forma aberta, e sem medo. Naquele ímpeto mais jovial que esta contido em nossa alma, aprisionado por limites que não passam de cadeias psicológicas que visam aprisionar a verdade.
Sempre remeto minha mente aos meus momentos de teor impulsivo, aqueles que me conduziram a atitudes intempestivas, as revoltas pessoais, aquela energia que emergia contra coisas que me causavam repulsa, e percebo que com o passar dos anos o maior dos “maus”, que me causaram foram momentos de dor e rejeição por parte dos infratores, que pós conflito, passaram a ser meus torturadores. Mas por outro lado percebo que este caminho em busca da suprema justiça, me conduziu para um lugar longe dos mesmos, mas muito próximo de meu anseio. Se pude-se expressar em palavras meus desejos, faria menção ao texto de Jesus, no famoso sermão do monte, quando se refere aos ““Bem-aventurados famintos por justiça”. Falo Isso por me sentir farto diante de tanta impunidade, do poder contemplar e usufruir do contato divino mesmo quando tudo a volta beira o caótico. O Apenas viver uma vida e espiritualidade que sai do dogmático para a leveza de simplesmente viver cada dia seu desafio com humanidade.
Como me referi a princípio, não sei o porquê da declaração do “Kim”, mas posso dizer que ao meditar sobre as possíveis causas hoje, encontro muitas coisas e pessoas neste evangelho produzido por nosso tempo, que adoraria chamar de“grandes merdas”.
“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos” Jesus de Nazaré
Leandro Barbosa
Fonte: [ Emeurgência ]
Via: [ Bereianos ]
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