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"Se o mundo vos odeia, sabei que, primeiro do que a vós outros, me odiou a mim." – Jo 15.18

29 de fevereiro de 2012

Acre – vamos continuar de braços cruzados?

Foto: Sérgio Vale/Secom

Por Edmilson Ferreira (Assessoria PMRB)
Ribeirinhos sofrem com a
enchente do Rio Acre (Marcos Vicentti)
Navegar pelo Rio Acre nos dias atuais é testemunhar tempos de sofrimento para as comunidades ribeirinhas desde a foz, nas pequenas vilas de Tahuamanu (departamento de Madre de Dios), no Peru, até a cidade amazonense de Boca do Acre. Da nascente até a desembocadura, são 1.119 quilômetros, e é nos maiores municípios, como Rio Branco, que os estragos provocados pelas enchentes mostram a real dimensão do flagelo vivido pelos milhares de pessoas que escolheram as margens do manancial para morar e trabalhar. Da cidade até a comunidade do Catuaba, grandemente afligida pela cheia, são cerca de vinte quilômetros pelo ramal Belo Jardim – transformado pela força da Natureza em braço do rio por onde ao invés de carro transitam canoas movidas a remo ou motor rabeta. Pelo rio, leva-se 45 minutos descendo e uma hora subindo para fazer esse trajeto.

Enquanto se percorre a zona urbana de Rio Branco, a visão é desoladora: reservatórios de água submersos, torres de energia elétrica ameaçadas, margens desbarrancando e muitas casas ameaçadas. Há regiões em que o rio avançou mais de um quilômetro além de seu leito. A situação parece piorar à medida em que se avança para a área rural: ramais estão debaixo da água, os roçados já apodreceram quase tudo e as perdas, já não há mais dúvida, se avolumam a cada centímetro que o rio sobe. As fruteiras e culturas permanentes vão se perdendo. “Estamos na safra do cajá, fruta que representa uma renda a mais para estes produtores. Eles podem faturar até um salário mínimo neste período mas, com a cheia, deixaram de ganhar esse dinheiro”, observou Jorge Rebolças, diretor da Secretaria de Floresta e Agricultura de Rio Branco (Safra).

No começo da semana a Secretaria divulgou um relatório mostrando que os produtores acumulam prejuízo de cerca de R$ 12,4 milhões com perdas totais nas lavouras de mandioca, banana, grãos e frutas. Das 16 comunidades hoje afetadas, todas estão recebendo ampla ajuda pública em cestas básicas, combustível, transporte, água potável e hipoclorito de sódio para tratamento de água.

No começo da semana a Secretaria de Floresta e Agricultura de Rio Branco divulgou um relatório mostrando que os produtores acumulam prejuízo de cerca de R$ 12,4 milhões (Marcos Vicentti)
No começo da semana a Secretaria
de Floresta e Agricultura de Rio Branco
divulgou um relatório mostrando que os
produtores acumulam prejuízo de cerca
de R$ 12,4 milhões (Marcos Vicentti)
Apesar de ser considerável, o valor será ainda mais elevado quando for levantado o prejuízo com ramal e infraestrutura e perdas mobiliárias. Para fazer o relatório, os técnicos da Safra percorreram as comunidades do Bagaço, Água Preta, Barro Alto, Belo Jardim I, 2 e 3, Benfica Ribeirinho, Catuaba, Extrema, Liberdade, Limoeiro, Moreno Maia, Moreno Maia, Barro Alto e Água Preta conversando com lideranças, moradores antigos e presidentes de associações.

Criação de peixe completamente perdida

Produtor que trabalhava com piscicultura perdeu tudo. É o caso de Raimundo Inácio da Silva, morador da comunidade Extrema, que além das estimadas 5 mil covas de macaxeiras perdidas, acumula sérios prejuízos com a piscicultura. “Cerquei os tanques com tela, mas não teve jeito: a água veio e levou tudo”, lamenta ele, que foi inscrito como beneficiário de cestas básicas para ajudar na sobrevivência da família enquanto dura o flagelo.

Produtores não desanimam

A família do Seu Oliveira, na comunidade Liberdade, trabalha na produção de goma de macaxeira mesmo com seus pertences alagados (Marcos Vicentti)
A família do Seu Oliveira, na comunidade
Liberdade, trabalha na produção de goma de
macaxeira mesmo com seus pertences
alagados (Marcos Vicentti)
Mas o ribeirinho é forte. A família do Seu Oliveira, na comunidade Liberdade trabalha na produção de goma de macaxeira mesmo com seus pertences alagados. A maioria dos 16 filhos do Seu Oliveira está mobilizada em aproveitar ao máximo o macaxeiral que é a base de sustentação econômica da família. Em tempos normais, a produção da Colônia Paraíso, de 107 hectares, chega a cinco toneladas de goma por semana. “Nossa terra é grande e a gente está correndo para não perder a produção”, disse Leonardo Souza Oliveira. Os moradores que permanecem em suas casas (muitas famílias estão abrigadas nas escolas da região) sofrem com o corte de energia elétrica, procedimento adotado pela Eletrobras por questões de segurança. Os moradores pedem que os cortes sejam seletivos, que atinjam casas que tiveram de ser abandonadas e colônias que não tenham agroindústria.

Lideranças locais coordenam distribuição de benefícios

Em Rio Branco, o esforço concentrado dos governos estadual e federal, e da Prefeitura, ao menos diminuem os problemas das famílias que perderam tudo com a cheia –e são os líderes que estão controlando a distribuição de cestas básicas. Cícero Medeiros Brandão, o Pita, fez questão de agradecer o empenho da Prefeitura e do Governo do Estado no trabalho de amenizar o drama dos ribeirinhos. “Todos precisam, mas há agricultores que precisam mais”, disse Pita.

Pita ajudou no atendimento à família de Raimundo Afonso, no Catuaba. Além de receber a cesta básica, Afonso pediu material para curativo. Ele mostrou o pé enfaixado após ferir-se com um pau enquanto operava a motosserra. Com isso, Jorge Rebolças, da Safra, irá pedir que outras secretarias, como a de Saúde, se integrem ao trabalho de atendimento aos ribeirinhos.

Saiba como ajudar as vítimas da enchente

Os dados para depósitos ou transferência são:
Banco do Brasil
Agência: 0071-X
Conta corrente: 100.000-4
CNPJ: 14.346.589/0001-99
Caixa
Agência: 3320 – Estação Experimental
Operação: 006
Conta: 71-7
CGC: 63.608.947/0002-80
Nome: Coordenação Estadual Defesa Civil

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